domingo, 29 de janeiro de 2012

FRANÇOIS MIGAULT

Faleceu hoje pela manhã na mítica cidade de Le Mans, França, o ex-piloto de Formula 1, gentleman e meu amigo facebookiano, Monsieur François Migault. A gente cresce ouvindo e lendo os nomes destes caras, acostuma-se com eles, vem a net e de repente, trocamos e mails, mensagens pelo Facebook, nos sentimos amigos de verdade. Quando um de nossos ídolos vai embora, uma enorme sensação de vazio se instala, mas ao mesmo tempo, pensamos: este fez valer a pena, poxa.....foi piloto de Formula 1, ainda que sem grande sucesso ou fama. Adeus, François!
François Migault a bordo do lindo e mítico Connew-Ford em 1972, certamente a mais pobre equipe jamais a largar num GP de F1!

sábado, 28 de janeiro de 2012

A RECEITA

Imagina um sabadão no final de janeiro. Para quem gosta de corridas, não há muito acontecendo, além de Daytona, claro. Final de férias, chove há dias, o tempo quer se firmar mas ainda está indeciso quanto a isso. E você com uma baita preguiça de escrever. De repente, Eureka!, você se depara com um albúm de fotos digitais, de carros e pilotos dos velhos tempos, basicamente "surrupiadas" de Facebooks de amigos europeus.....pronto, está pronta a receita para um post simpatiquinho. E tenho dito! (Por acaso, resolvi postar fotos de carros da March, todos da década de setenta. Uma das mais folclóricas escuderias, fazia carros por encomenda, uma enorme variedade de bons pilotos tiveram a oportunidade de pilotar suas máquinas. Fico devendo um artigo a altura).

Ronnie Peterson no inesquecível 761 Cosworth, com o qual venceu em Monza....
Mike Beutler em Monaco: o piloto era um gentleman e ícone dos particulares. March Ford 731
Outro exemplar de um March 731 privado, pilotado pelo excêntrico James Hunt em Monaco.
Peterson de novo, na primeira fase de sua carreira com o mal-sucedido March-Ford 721. (feio também)



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

UMA HISTÓRINHA FICTÍCIA, PERO NO MUCHO....



Três amigos. Inseparáveis a ponto de completarem as frases um dos outros.....e achar graça nisso. João, gordinho e bonachão. Crítico para cacete. Pedro, mais quieto e determinado. Joaquim, sonhador e destemido. Cresceram juntos numa daquelas deliciosas cidades do interior paulista numa década próspera e quando tudo parecia que ia se tornar um filme americano, tipo "American Grafitti". Talvez o que os unisse mais que tudo fosse a paixão por um esporte que nem era popular naqueles idos de TV em preto e branco e sem brasileiro na elite, o automobilismo. Os patrícios todos só pensavam em futebol e alguns, de lambuja, gostavam um pouco de basquete. Brasil era o país das chuteiras (antes das Marias) e das bolas de capotão! Havia o Eder Jofre, bom de punhos e valente demais, o Manoel dos Santos, que nadava mais que o Cielo, mas não sabia fazer a virada por baixo da água, e isso lhe roubou o ouro olímpico nos cem metros livres nas Olimpíadas de Roma. E um outro nadador, Abílio Couto, brilhante multi campeão mundial em natação de longa distância em águas abertas, desbravador e recordista da Travessia do Canal da Mancha. Ia da Inglaterra para a França a nado, sem precisar de passaporte!

A vida foi trazendo as opções aos três amigos que declaravam querer ser pilotos profissionais. Classe média, naquela época o melhor era começar em corridas de estreantes e novatos. João, gordinho e bonachão, além de mais abonado, comprou uma bela Puma e mandou preparar numa daquelas oficinas chiques próximas ao Autódromo de Interlagos. Pedro era mais modesto, comprou um fusca usado e ele mesmo, com a ajuda de alguns camaradas preparava o "bólido" antes das provas. Joaquim comprou um Corcel de segunda mão, tinha um amigo que tinha contatos numa revenda Ford. A princípio os três foram bem. As provas eram legais e os resultados nem eram tão importantes quanto a curtição, o ambiente, a galera que se formava. João, ainda gordinho mas nem tão bonachão, acabou indo cuidar das fazendas de seu pai, que sofrera um ataque. Joaquim foi fazer faculdade e afastou-se das corridas. Pedro ainda sentia um comichão a cada vez que ouvia um  motor roncar mais alto e empenhou-se em continuar correndo. Um pouco de Super-Ve, algumas provas longas em duplas com amigos mais abonados e o encontro com um magnata que gostava demais de autocross. Passou a competir nas gaiolas por falta de grana e opção e seu amigo foi se entusiasmando, promovendo provas, patrocinando, sendo companheiro de equipe. Um dia o amigo, no arroubo de mais uma vitória lhe disse: " se você for o campeão deste ano, pode me pedir qualquer coisa...." e Pedro foi o campeão e pediu: "quero uma temporada na Formula 3 na Inglaterra....." que, para ser justo, nem era tão cara naquela época.
O amigo magnata não decepcionou. Chamou-o a seu escritório elegante na Avenida Paulista, e olhando por cima dos ombros, dirigiu-se a um cofre escondido por detrás de um quadro na parede (desculpem-me a falta de originalidade), abriu-o e sacou dali algumas dezenas de milhares de dólares. Pegou mais algumas notas, e sem pestanejar, colocou tudo numa pequena bolsa de viagem e passou-o a Pedro, dizendo: "aqui está sua temporada na Formula 3 da Inglaterra, divirta-se!"

Pedro mal podia acreditar que o seu sonho de infância, correr na Europa, estava prestes a se realizar. Não pensava em nada além disso, pois sabia das enormes limitações que um brasileiro sofreria por lá. Fez contatos, procurou por outros pilotos que já haviam competido na Ilha de Sua Majestade e em princípios de fevereiro, no calor daqui, embarcou para o frio de lá. A chegada, a gélida recepção dos ingleses, ávidos apenas pelos escassos (em termos de automobilismo) dólares-convertidos-em-esterlinas de nosso herói, os testes que começaram debaixo de neve, a troca de equipe antes do início do ano, os bons resultados. A carona na publicidade de outro brazuca, muito mais endinheirado e conectado com a imprensa tupiniquim. O "timing" perfeito para fazer uma segunda temporada de Formula 3, já com algum apoio europeu e a entrada na Formula 1 por oportunidade fortuíta. Tudo foi acontecendo naturalmente e Pedro dava um passo de cada vez, sem se precipitar, sem se iludir. A estréia na Formula 1 por uma equipe nanica foi auspiciosa e gerou convites para correr em equipes maiores. Teria que levar grana e esta ele não tinha. Não se aborreceu, pragmático que era: já havia largado em dois grandes prêmios, muito além de seus horizontes de menino do interior paulista. Mas a roda do Destino estava girando em seu favor e uma das equipes grandes perdeu seu principal piloto antes mesmo da temporada começar, devido a um acidente bizarro. Pedro foi "encaixado" as pressas como piloto-tampão e não decepcionou: um sexto lugar aqui, numa pista em que nunca havia estado, um quarto ali, um motor estourado na primeira pista que já conhecia, uma boa colocação em Mônaco.

Os amigos vibravam e intimamente, João e Joaquim acreditavam firmemente que poderiam fazer até melhor que Pedro, pois nas corridas de estreantes e novatos conseguiram resultados melhores. Claro que João, bonachão e mais gordo ainda omitia de suas lembranças o motor totalmente fora do regulamento, a suspensão "mandrake" as muitas horas de pista que desfrutava a mais que Pedro. Joaquim, com resultados similares a este último, se julgava mais "natural", mas ainda assim admirava o sucesso do amigo.
Pedro jamais foi campeão mundial. Competiu muitas temporadas, ganhou provas, derrotou e foi derrotado por companheiros de equipe. A contra-gosto foi alçado a ídolo nacional, mas seu senso de marketing pessoal era diretamente proporcional ao seu interesse em puxar o saco de estranhos. Apareceram outros pilotos brasileiros, mais fotogênicos, mais marketáveis, mais patrocinados. Viam e iam.
Nos lares, agora, era comum os torcedores tecerem críticas aos seus novos ídolos e se colocarem na posição de juízes. A cada nova temporada a imprensa vaticinava o final da carreira de Pedro. Mas ele bravamente resistia. E ia fazendo sua carreira, seu pé de meia, dando suas milhares de voltas nos muitos circuitos do mundo, velhos e novos.
Do conforto de seus sofás, em frente às suas modernas televisões de tela gigantesca, muitos o criticavam. Um dia um importante jornalista foi entrevistá-lo, e a primeira pergunta, a queima-roupa, na bucha foi: — Pedro, o que te faz prosseguir? 
Pedro sorriu mansamente e falou: — Há muitos e muitos anos atrás, eu e meus amigos João e Joaquim saímos do interior com a intenção de sermos pilotos de carros. Nenhum de nós tinha a mínima noção do que isso significava então. Arrumei um fusca de segunda mão, colocamos algum amor e carinho na máquina e para a pista fomos. Interlagos ainda era o velho e tradicional circuito. Sentei-me no carro, amarrei o cinto de segurança e por inexperiência, fechei a viseira de meu capacete novo. Engatei primeira marcha e saí lentamente dos boxes, quando a viseira começou a embaçar. Resolvi abri-la e soltei a mão do volante, e nesse momento, quase causei um acidente com um carro que vinha a toda, tirando uma "fina" do meu, que claudicante, saía dos boxes. Talvez se eu tivesse sofrido aquele acidente, jamais teria voltado a pilotar novamente, mas não era para ser. As primeiras voltas, foram assustadoras e eu estava mais preocupado em não atrapalhar os mais velozes, do que em propriamente correr. Aos poucos fui me ajustando e meus tempos baixaram. Eu sabia que era uma coisa natural para mim, mas que poderia levar tempo. Outros eram bem mais rápidos, mas eu apenas me preocupava com meu progresso. Acerto de marchas, suspensão, carburador. O cronômetro nem era tão importante naquele momento. Eu chegava no final do retão, antiga curva três e freava bem antes. Na Ferradura, errava o traçado. Comecei a observar os mais experientes, os mais velozes e fui aprendendo. Anos depois, já na Formula 1, fiz o mesmo. Era incrivelmente lento nas primeiras voltas, mas aprendia sempre. Nunca li jornais e revistas de automobilismo. Quem nunca sentou a bunda num carro de corridas e ficou "pendurado" numa curva como a Eau Rouge, ou deu uma volta perto do limite em Silverstone ou Monza, pode falar o que quiser, mas jamais saberá o que está dizendo. Qualquer piloto que sente num carro de Formula 1 merece o meu respeito. Talvez eles não tenham vencido provas, nem campeonatos, mas dirigir num nível destes é  para poucos.
O jornalista, um dos muitos que criticaram Pedro durante anos a fio, engoliu em seco e entendeu finalmente uma verdade: vencer não é apenas chegar em primeiro lugar. Dominar um bólido puro sangue, permanecer vivo, fazer e renovar contratos, ser sondado e convidado por outras equipes fizeram daquele homem, um campeão.
Minutos depois, a convite de um dos patrocinadores da equipe, Pedro foi dar umas voltas a bordo de um possante Porsche com jornalistas pela pista de Interlagos. Devidamente amarrados, capacetes afivelados, orientados, aqueles poucos privilegiados puderam observar a técnica e o talento que um piloto TOP precisa desenvolver. Os cinquenta, cem metros que freiam mais próximos de uma curva, os movimentos perfeitos de pés e mãos, sincronizados a domar a besta e a desafiar as leis da gravidade, a suavidade com que executam estas manobras, os fazem diferenciados.
É verdade que sentar-se numa poltrona aos domingos e criticar é bem mais fácil....

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

UMA IMAGEM....BLA BLA BLA.....

Postado no seu próprio Twitter......parece feliz, não?

CURTAS E O REGRESSO DAQUELE QUE NÃO FOI....



Alguns poucos e bons amigos estão comentando que ando sumido. Fato. Problemas de ordem profissional, mudança de endereço, família em férias aqui comigo na praia, me deixam com a rotina alterada, o que é bom. Com isso negligenciei um pouco o meu blog, mas há uma certa explicação para isso: cansei! Cansei de certas notícias velhas com roupas novas (enchentes, escândalos políticos, factóides bigbroterianos, quedas de barreiras, mais enchentes, escândalos nas várias esferas de governo.....). Tem horas que é bom desligarmos nosso "radar" e descansar nosso "indignômetro" para  recarregar nossas baterias e seguir vivendo.

No campo do automobilismo, além dos desmandos dos péssimos dirigentes do nosso esporte, além das novas taxas aplicadas para a utilização do Autódromo José Carlos Pace (Interlagos), as notícias mais quentes foram a contratação do Bruno Senna para correr na Williams em 2012 no lugar que muitos esperavam ver outro brasileiro, Rubinho Barrichello. Senna garantiu seu cockpit por causa da grana, não se iludam. E é bastante sintomático que o contrato assinado tenha a duração de apenas uma temporada, um teste, digamos. Já Rubinho, de quem sou fã, vai testar um carro da equipe KV da Formula Indy. Sei lá, cada cabeça uma sentença, mas acho que ele deveria ficar de fora, aguardando, porque uma nova chance na Formula 1 pode se materializar a qualquer momento, nestes tempos de poucos testes e muitos pilotos com assessoria de imprensa mais forte que a pressão de seus respectivos pés direitos!
Kimi está de volta, mas eu sinceramente espero que ele encontre algo a mais que demonstrou no ocaso da primeira parte de sua carreira. Um dos pilotos que mais me entusiasmou a princípio, sua aparente atitude "não estou nem aí" acabou se tornando irritante no final. Acho que a antiga Renault fez uma boa contratação, pois o pobre Kubica não volta não. Além de estar todo ferrado devido ao seu acidente num carro de Rally antes mesmo da temporada de 2011 começar, sua recuperação que já era delicada e duvidosa, foi ainda mais comprometida com uma queda em que quebrou um dos braços. Pena, mas o talentoso polaco talvez não mais consiga voltar a atuar na categoria máxima.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

VOLVEMOS, MUCHACHOS E A HISTÓRINHA DO BODE NA SALA....

Alguém lembra da história do "Bode na sala"?  Está se tornando uma especialidade de politícos tupiniquins...

Ahaha......não contavam com a minha astúcia, fiéis leitores.....Pensaram que eu havia me mudado para a Groelândia, onde estaria desfrutando de merecidas e geladas férias não-tropicais.....ou talvez tenham imaginado que eu tivesse sido atropelado por um Mamute desembestado nas ruas esburacadas de Bertioga ou de minha Ourinhos natal......ou talvez mesmo, é possível, não tenham notado minha ausência. Mas tal qual o bicho-papão, eu volto para puxar suas delicadas perninhas......ah, volto sim.....
Bom, brincadeiras a parte, andei meio alheio ao mundo externo, imerso num curso de Meditação transcendental on-line no Tibet.....e acabo de voltar.
Volto e me deparo com as seguintes notícias: O autódromo de Interlagos, que leva o glorioso nome do inesquecível José Carlos Pace está ameaçado de fechamento, devido à ganância e falta de ética de alguns dirigentes de uma suposta empresa de economia mista municipal....Claro que as explicações "oficiais" são de "ajustamento", "reposicionamento" e o cacete a quatro. Só quero saber uma coisa: se um cidadão está viciado em crack e o Estado o remove, paga seu tratamento (e eu nem discuto isso, acho certo) e aquele mesmo cidadão, é provavelmente um pária social (no que tange a contribuição de IMPOSTOS, os praticantes de automobilismo, que também (na minha humilde concepção) são cidadãos e pagam IMPOSTOS, qual a diferença? Por que o espaço público que é subsidiado para uns, não o pode ser para outros? Se eu resolver criar uma seita, registrá-la em cartório, fico totalmente isento de IMPOSTOS. Se existe um espaço público, tal qual um estádio de futebol, um teatro ou um autódromo, eles têm funções sociais também. Discriminar os praticantes de automobilismo me parece burrice além da conta.
Este assunto ainda vai render muito, e deve. De primeira, fiquei triste com o "adiamento", leia-se cancelamento das 24 horas de Interlagos, que vinha sendo esperada, com um formato legal e acessível por todos os verdadeiros amantes de corridas de automóvel. Já destruiram Jacarepaguá, talvez queiram fazer o mesmo com Interlagos.....sabe -se lá quem serão os beneficiados com isso.
Bruno Senna na Williams: parece que o tal EIKE Midas sabe o que fala. Que seja bem sucedido, e não apenas por ser brasileiro, como nosostros, mas por ser um rapaz legal e talentoso. Torcendo. E lamentando a "aposentadoria" forçada do Rubinho de quem sou fã.......só espero que este último, em sua gana de continuar na Formula-1 não assine um contrato de piloto-reserva da Hispânia.....