domingo, 31 de maio de 2009

DOMINGO GORDO PARA OS BRASILEIRINHOS LÁ FORA



Domingão de bons resultados para os pilotos brasileiros que correm lá fora: Mário Romancini conseguiu a primeira vitória do ano na categoria Indy Lights em Milwaukee, após domínio absoluto, credenciando-se fortemente para tentar o campeonato (atualmente é terceiro na classificação), e Augusto Farfus, da equipe BMW conseguiu vencer a segunda prova do WTCC (Campeonato Mundial para Carros de Turismo) em Valência na Espanha, e é o segundo na classificação. Vamos colocando as coisas em ordem, e para saber quantas vitórias os pilotos brasileiros conseguiram no exterior no final da temporada, só com máquina de calcular. De qualquer maneira, parabéns!

sábado, 30 de maio de 2009

BRASILEIRINHOS E BRASILEIRINHA





Hummmm....final de semana sem muitos assuntos para quem gosta de corrida. Nem tanto. Desde há quarenta anos, quando Ricardo Aschar e Luizinho Pereira Bueno desembarcaram na Inglaterra para fazer algumas corridas de Formula Ford com a equipe do lendário Stirling Moss, e que foram logo seguidos (e bem seguidos!) por Emerson Fittipaldi e mais alguns....milhares, o seu modesto escriba aqui, incluso, os brasileiros certamente deixaram suas marcas no estrangeiro. Alguns conseguiram níveis absurdos de sucesso, alguns conseguiram sucessos que lhes dariam direito a ter um busto em praça pública em muitos países (me ocorrem alguns agora, mas discreto, prefiro calar-me) por seus feitos extraordinários, alguns outros conseguiram sucessos relativos, e muitos passaram praticamente em branco em termos de resultados, mas aposto que encheram o peito de alegria ao verem seus nomes nos programas das corridas, e suas bandeirinhas nas carenagens ou nos macacões em pistas de  lugares tão distantes. Assim como jogares de futebol, os pilotos brasileiros passaram a ser conhecidos pela sua habilidade, capacidade de adaptação, resultados favoráveis e pela multiplicidade de talentos vindo de um país que, até há pouco tempo atrás era visto lá fora como sendo terceiro mundo, com direito a cobras e animais selvagens andando pelas ruas de sua "capital" Buenos Aires!
Enfim, num sábado qualquer do final de maio de 2009, um torcedor brasileiro desavisado pode deparar-se com algumas notícias do exterior: piloto brasileiro é o segundo colocado na primeira prova da nova Formula 2 (Carlos Iacconelli); piloto brasileiro é o mais rápido nos treinos para a prova da Indy light em Milwalkee ( Mário Romancini),  pilotos brasileiros na pole position e na terceira colocação da classe nacional da Formula 3 inglesa (Gabriel Dias e Victor Correa) e por aí afora. Vamos por ora, esquecer que um piloto nacional foi o segundo colocado no Grande Premio de Mônaco de Formula 1 , que outro piloto nacional foi o quarto colocado naquela mesma prova e que um outro, brasileiro, com certeza, venceu pela terceira vez a prova mais badalada e milionária do automobilismo mundial, as 500 milhas de Indianápolis. Que coisa. E para não dizer que sou machista, temos a nossa dama das rodas, Bia Figueiredo, acidentada na corrida preliminar das 500 milhas, mas andando sempre na frente, que no momento encontra alguns problemas de patrocínio - segundo o blog do Victor Martins. Espero que ela os solucione logo, e vou ficar aqui na torcida, porque mesmo não sendo extremamente nacionalista, é muito bom ver nossa bandeira e nossos pilotos fazendo bonito lá fora!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

SEXTA FEIRA A TARDE....CHOVE. UMA MUSIQUINHA PARA DESCONTRAIR


EFEMÉRIDE: POSTAGEM NUMERO 100: ESPERANDO LE MANS!

Só para ir dando água na boca. Volto depois.


SURPRESA! SURPRESA! TODAS AS EQUIPES SE INSCREVEM PARA O MUNDIAL DE 2010!


Como eu havia previsto, os factóides acabaram dando lugar ao bom senso e todas as equipes acabaram encaminhando suas inscrições à FIA para o campeonato mundial de Formula 1 do ano que vem. "Com restrições", no entanto. Ok. Agora vamos voltar a nos concentrar nos fatos e nas corridas "de facto". O resto é bull shit, como dizem os ingleses. Cartolas, sadomasoquistas, nazistas, euricas (só para rimar) nabibas (também) teixeiricas (forcei a rima, mas vai lá), são todos farinha do mesmo saco. Que saco!

Agora vem Le Mans. Adoro essa prova. Adoro os peixes pequenos, os azarões. Uma das reportagens mais marcantes que eu já li em minha vida foi uma publicada pela Revista Placar em 1973, senão me engano, em que o Lemyr Martins (ou seria o Jáder de Oliveira - que aliás me entrevistou uma vez para a BBC  em Londres - um gentleman) descrevia o esforço de uma equipe francesa "nanica". O Piloto era totalmente amador, o carro um velho Porsche Carrera, os mecânicos eram amigos, cunhados, vizinhos, o co-piloto também um amigo e eles foram rodando com o carro até o circuito, pois não tinha caminhão ou trailer, nada. Ele encerra a matéria traçando um contraste entre essa pequena e quixotesca equipe e as gigantes, com seus motor homes, cozinhas, nutricionistas, etc e descrevendo a esposa e cronometrista como sendo muito "feia". Preciso encontrar essa matéria, porque marcou demais a mente de um garoto de seus 13, 14 anos, mostrando que realmente, participar é mais importante que vencer, e o que vale é o sonho, e sonhar, apesar de ser grátis e recomendado, é uma arte restrita a poucos!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

PONTAS SOLTAS


Tantas coisas acontecendo no mundo do automobilismo, e no  "mundão véio sem portera", como os antigos dizem lá no interior. Amanhã acaba o prazo de inscrições para o campeonato mundial de Formula 1 do ano que vem. O "imbroglio" parece longe de ter sido resolvido, mas de uma coisa eu tenho certeza: teremos campeonato no ano que vem, com ou sem Ferrari (aposto na primeira hipótese).
O campeonato desse ano, que para muitos já é fava contadas para os lados da Button house, em minha modestissima opinião continua bem aberto. Com um bola de cristal bem "calibradinha" eu posso exercer meu lado  Valter "ligue dja" Mercado e ver que há muita corrida pela frente. OK, o começo do rapaz foi arrasador, como há muito não se via, etc, etc, mas eu, eterno otimista, ainda vejo possibilidade de reações por aí. Acho que a Ferrari já está mostrando mais força, a Mclaren vai reagir (pelo menos com Hamilton), Alonso está longe de ser galinha morta e claro, last but not least, temos Barrichello e o fim de seu inferno astral.
Lá para os lados da América do norte o inferno astral de Helio Castro Neves foi definitivamente encerrado, e com um belo cheque de 3 milhões de dólares para sacramentar isso! Vitor Meira sofreu lesões mais graves do que se pensou a princípio e deve ficar de fora o restante da temporada. Mas ainda temos Tony Kanaan em ótima forma para o campeonato.
Não morro de amores pela Stock Cars, mas admito que existem algumas disputas interessantes acontecendo, e pretendo ir ver pelo menos uma etapa em Interlagos esse ano "in loco". Quero também ver a Historic F1, por tudo que aqueles carros representam para mim e para os da minha geração.

CURTAS (NÃO NECESSARIAMENTE GROSSAS)




Vários assuntos vem sido debatidos nas últimas semanas no automobilismo mundial. Quanto à suposta cisão FIA/FOTA, equipes, Ferrari, e etc, eu já havia escrito que não me importa muito, pois é politicagem da pior espécie, movida a ganância e eu gosto mesmo é do cheiro de gasolina e borracha queimada. Mesmo assim, há algumas ponderações a serem feitas: sou saudosista e uma Formula 1 sem os chamados "garagistas" me parece muito pobre e inadequada. Até porque eles são a verdadeira alma do esporte e me parece signifcativo que o construtor que melhor representa hoje o perfil de garagista bem sucedido, Frank Williams, foi o primeiro a encaminhar sua inscrição para o campeonato mundial do ano que vem. Muitos dizem que é porque ele tem um contrato de fornecimento de carros  para a nova Formula 2, e ele confirma que sua única fonte de renda são as corridas, ao contrário de Ferrari, Renault, e outros. Apesar de lamentar o desaparecimento das equipes Lotus ( a minha favorita), Tyrrell (de certa forma é a Brawn GP), March (sim, a despeito de Max Mosley, nos anos 70 a March chegou a alinhar mais de 6 carros entre oficiais e privados , e eu adorava torcer pelos Arturos Merzarios e Brian Hentons da vida e imaginá-los causando uma surpresa aos grandes de então), Shadow, Arrows (irmãs siamesas no início), BRM (sou matuza, assumo), Brabham, Cooper, Ensign (outra paixão), Copersucar, Matra, Ligier, Benetton, ATS, Minardi, Osella e tantas outras, continuo seguindo a Formula 1 corporativa de hoje.
Não adianta, carros alinhados, rotações em cima, luzes vermelhas se apagando, adrenalina a mil, eu não resisto mesmo. Pareço o mesmo moleque bobo que vibrava e se concentrava antes de cada largada há décadas atrás. Certos hábitos dificilmente morrem, diz um ditado inglês, e eu posso confirmar isso.
Portanto, resolvendo do jeito que resolverem, quero corridas. Apesar do estraga prazeres do Button estar disparado na frente, estou curtindo e muito o atual campeonato e sempre espero ansioso pela próxima corrida. Corridas sim, política não!

terça-feira, 26 de maio de 2009

CONTINUANDO A JORNADA


Depois de minha primeira corrida, apesar de não ter completado a prova, estava definitivamente decidido a fazer qualquer sacrifício para continuar a correr. Minha situação era a seguinte: tinha um bom emprego durante a semana, não precisando trabalhar aos sábados e domingos. Havia me mudado para um pequeno quarto/sala/cozinha, dividindo banheiro para pagar aluguel baixo. O problema é que um orçamento decente para uma temporada de Formula Ford com uma  das equipes boas (nem pensar na equipe de fábrica Van Diemen - além de só aceitarem pilotos experientes e com bom potencial, o custo era altíssimo, algo em torno de 20 mil libras por temporada) era de mais de 12 mil libras ano. Eu ganhava 400 libras por mês! As outras opções era alugar carros mais baratos na base de corrida por corrida( mas não dava para treinar e nem pegar ritmo), ou comprar um equipamento- muito caro. 
Enquanto buscava opções, consultando furiosamente as páginas de anúncios classificados da "Autosport", eu conseguia alguns bicos para trabalhos temporários nos finais de semana. Me lembro de ter feito pinturas pequenas, lavar copos num restaurante chique, e até um estágio de sábados e domingos numa loja do McDonalds! Sempre fui muito econônico, nem tinha tempo para sair e não gosto de baladas, num determinado momento havia economizado mais de mil libras, decidi alugar um carro e fazer alguns treinos.  Conheci um outro picareta, Doug Wood, que tinha um Van Diemen, além de um Crosslé laranja (devo ter algumas fotos por aí) e o Crosslé, já com alguns anos de uso, era mais barato. Eu queria quilometragem, portanto não hesitei e escolhi o vellhíssimo Crosslé para alguns testes e uma corrida em Snetterton. A memória já não é tão precisa, mas acho que bati o carro numa barreira de pneus por falta absoluta de freios, o que gerou uma feia discussão, pois o cara queria que eu pagasse o prejuízo total, quando havia me garantido que o carro tinha seguro. Eu concordei com a franquia do seguro, jamais pagaria o preço que ele me pediu. No final nos acertamos, mas era duro negociar com aqueles ingleses! 
Para resumir: entre 1981 e 1982 eu corri umas seis ou sete vezes, sempre com equipamentos pré-históricos (na época havia uma categoria de Formula Ford velhos, a Pré 1974 - quase comprei um carro daqueles para correr - mas verifiquei que os custos de manutenção eram quase tão caros quanto). Cansei de levar volta dos líderes, mesmo em corridas curtas, e sem tempo para treinar ou desenvolver eu nada mais podia fazer. Dentro de mim, no entanto, havia uma certeza: toda vez que me sentava num carro de corrida, a cada volta, eu melhorava um pouquinho, e isso me dava uma confiança e uma motivação incríveis!
No final de 1982 conheci uma senhora brasileira que vivia há muito tempo na Inglaterra, Leila, casada com um inglês boa praça e empresário bem conectado. Ela me convidou para ir a sua casa, ficamos amigos e o marido me disse que conhecia o John Webb, dono de Brands Hatch. Parece-me que ele era o fornecedor de móveis de escritório, já que tinha uma pequena fábrica em expansão. Um belo dia recebo um telefonema de alguém em Brands Hatch, achei meio confusa a conversa, mas combinamos um encontro no sábado seguinte. 
Ao chegar ao escritório do autódromo, todos muito amáveis e um frio incrível de dezembro, me disseram o que tinham em mente: Brands Hatch tinha uma escola de pilotagem que eles queriam promover. Haviam convidado o Damon Hill (então correndo de motos), o David Hunt (irmão caçula do James Hunt) o Gary Brabham (filho do meio do lendário Jack Brabham) e o filho da primeira ministra Margaret Tatcher, Mark, para fazer um curso de pilotagem totalmente gratuito, em troca, usando os sobrenomes famosos teriam muita mídia para divulgar a escola. A proposta era extensiva a mim, pelo sobrenome Fittipaldi. Eu achei ótimo, apesar de já ter feito algumas corridas, mas treinar de graça me parecia bom, sem dúvida. Deixei claro que minha relação de parentesco com Emerson era a mais distante possível, eles não se importaram.  Para melhorar as coisas, John o marido de Leila, se entusiasmou com a situação e me prometeu um pequeno patrocínio para o ano seguinte. Não tive dúvidas: peguei o telefone e liguei para o Emerson, que simpático como sempre me deu apoio moral. Alguns dias depois, ele me liga novamente dizendo que havia conversado com o Ralph Firman, dono da Van Diemen e que havia sido seu mecânico na F3, e que este oferecera o chassis 81 que havia sido usado por Ayrton Senna praticamente de graça para eu usar! Não poderia estar mais feliz: um patrocínio acertado, carro prometido, e o apoio- ainda que tímido, do meu ídolo de infância Emerson. Peguei o avião feliz para passar algumas semanas com a família no Brasil, e mal sabia que meus sonhos todos iriam desmoronar quando eu voltasse dos trópicos.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

PARTICIPAÇÃO NO POST CAST DO BUTECO RACING

Mais uma vez o neo-blogueiro aqui foi honrado com o convite dos amigos do Buteco Racing para participar do post cast deles, que foi gravado ontem a noite (e madrugada) e deve ir para o ar a qualquer momento. Boa pedida para quem gosta de papo furado, mas com conteúdo. Gente boa e bons papos para todos nós!

domingo, 24 de maio de 2009

FÊNIX : UMA NOTINHA SÓ!



























             Sei que todos os sites e todos os programas de TV estarão abordando o assunto, alguns de maneira bem melhor que a minha. Falo da verdadeira ressurreição de Helio Castro Neves (prefiro assim, não gosto dessa viadagem-para-agradar-americano-que-não-gosta-de-Fidel-Castro, Castroneves),  após todos os seus problemas com o fisco americano, a prisão humilhante, o julgamento que muitos achavam seria condenatório.
Sei que depois de todas as provações, Helinho se reergueu em grande estilo, e apesar de estar torcendo pela primeira e merecida vitória do Tony Kanaan (sou patriota sim, fazer o que, ninguém é perfeito), acho que a vitória do piloto da Penske foi uma redenção pessoal. Portanto, parabéns a ele, à sua família e a nós brasileiros, que temos novamente nossa bandeira hasteada no lugar mais alto do panteão do automobilismo de competição norte americano!                          

RAPIDINHAS PÓS MÔNACO:


Impressões imediatas: a corrida nem foi lá essas coisas. Button com um começo de ano arrasador confirmou sua pole position arrasadora e venceu a corrida de ponta a ponta. Barrichello pelo menos teve o mérito de largar bem e chegar em segundo, fazendo boa prova, mas infelizmente  consolidando-se como segundo piloto da escuderia e juntando-se aos Bergers, Patreses, e tantos outros. A Ferrari ameaça ressurgir, fizeram boa prova e a despeito das bravatas do nosso querido comentador chapa branca, Galvão Bueno, Raikkonen foi melhor no final de semana, o que não tira o mérito de Massa que fez ótima prova também. Mark Webber foi bem, fazendo boa e consistente prova, ao contrário de seu companheiro de equipe Vettel, que decepcionou hoje. Rosberg fez prova valente, lutando contra um carro veloz mas instável e ofuscando mais uma vez seu companheiro Nakajima, que fiel ao seu glorioso DNA bateu na última volta da prova. Alonso salvou seus dois pontinhos e como piloto único de equipe média, vem garantindo o "bicho" dos mecânicos. Eu disse piloto único? Desculpem, esqueci do Nelsinho Piquet, cujo começo de corrida não foi de todo mal, o problema é quando ele abre a boca para se justificar depois. Mesmo não tendo tido culpa no acidente em que foi atingido por Buemi, dizer que "pilotos sem experiência causam problemas" é de uma estupidez atroz: Buemi tem mais pontos que ele (3 a zero), e experiência no seu caso não quer dizer velocidade! Enfim, mais um caso de DNA forte, com a diferença que seu pai ao falar, tinha no bolso alguns títulos mundiais a autorizá-lo.
Bourdais deu uma ligeira recuperada em seu periclitante status de piloto cuja cabeça vive na guilhotina (segundo Galvão Bueno, a ameaça agora vem de ninguém mais, ninguém menos que Lucas di Grassi- que tampouco deve estar muito feliz na GP2). Hamilton fez uma corridinha sem vergonha para diminuir sua incrível média de pontos na carreira, se bem que a seu favor, lutou sempre. Seu companheiro Kovalainenn é mais um enganador que nasceu com certa parte da anatomia virada para a lua, pois não merece e não justifica pilotar por uma equipe do porte da Mclaren, mesmo numa fase tão ruim. As Force India até que não foram mal e foi uma pena o Fisichella não conquistar o primeiro ponto da equipe, apesar de eu gostar de Bourdais e saber o quanto aquele pontinho do oitavo lugar é importante para ele. Troféu "Marcha-a-ré mais veloz em termos de desenvolvimento de carros" foi duramente disputado entre as equipes Toyota e BMW, com ligeira vantagem para os teutônicos.
De resto, queimei a minha língua porque achava (mais com o coração que com o cérebro) que Rubinho iria vencer hoje, mas não há como disputar o maior mérito de Button. A próxima corrida é na Turquia onde a Ferrari  e em particular Felipe Massa têm impecável currículo. Vamos torcer.


Grande Prêmio de Mônaco
78 voltas
 

Pos Piloto         Equipe                                   Tempo

 1.  Button        Brawn GP-Mercedes     (B)  1h40:44.282
 2.  Barrichello   Brawn GP-Mercedes     (B)  +     7.666
 3.  Raikkonen     Ferrari               (B)  +    13.443
 4.  Massa         Ferrari               (B)  +    15.110
 5.  Webber        Red Bull-Renault      (B)  +    15.730
 6.  Rosberg       Williams-Toyota       (B)  +    33.586
 7.  Alonso        Renault               (B)  +    37.839
 8.  Bourdais      Toro Rosso-Ferrari    (B)  +  1:03.142
 9.  Fisichella    Force India-Mercedes  (B)  +  1:05.040
10.  Glock         Toyota                (B)  +     1 lap
11.  Heidfeld      BMW Sauber            (B)  +     1 lap
12.  Hamilton      McLaren-Mercedes      (B)  +     1 lap
13.  Trulli        Toyota                (B)  +     1 lap
14.  Sutil         Force India-Mercedes  (B)  +     1 lap
15.  Nakajima      Williams-Toyota       (B)  +    2 laps

Volta mais rápida: Massa, 1:15.154

Not classified/retirements:

Driver        Team                      On lap
Kovalainen    McLaren-Mercedes      (B)    52
Kubica        BMW Sauber            (B)    31
Vettel        Red Bull-Renault      (B)    16
Piquet        Renault               (B)    11
Buemi         Toro Rosso-Ferrari    (B)    11

Classificação do Campeonato após a sexta etapa:                

Pilotos:                    Construtores:             
 1.  Button        51        1.  Brawn GP-Mercedes      86
 2.  Barrichello   35        2.  Red Bull-Renault       42.5
 3.  Vettel        23        3.  Toyota                 26.5
 4.  Webber        19.5      4.  Ferrari                17
 5.  Trulli        14.5      5.  McLaren-Mercedes       13
 6.  Glock         12        6.  Renault                11
 7.  Alonso        11        7.  Williams-Toyota        7.5
 8.  Raikkonen      9        8.  BMW Sauber              6
 9.  Hamilton       9        9.  Toro Rosso-Ferrari      5
10.  Massa          8       
11.  Rosberg       7.5       
12.  Heidfeld       6       
13.  Kovalainen     4       
14.  Buemi          3       
15.  Bourdais       2       
       

sábado, 23 de maio de 2009

PARADOXOS II E MAIS ALGUMAS PITACADAS




Há alguns meses aquele homem jovem pensou que tudo estava acabado. E ele sabia que ainda tinha muito a fazer, quase tudo a conquistar. De uma grande promessa, com talento reconhecido, graças a uma enorme tragédia passou a carregar em seus ombros a responsabilidade de ser o novo ídolo de uma nação acostumada (mal acostumada) a ter talentos de primeiro quilate. Essa nação aliás, desperdiça tantas coisas, talentos, gentes, recursos naturais, oportunidades, mas como assumiu-se como a pátria de Deus, acha que pode ir deixando as coisas fugirem e a vida correr. Esse é papo para outro artigo, não nos dispersemos, pois.
O jovem estava há alguns meses desempregado. Não que isso representasse uma preocupação econômica que aflige a muitos milhões de seus compatriotas, empregados ou não. Mas não queria sair assim pelas portas dos fundos, achava que ficaria uma desagradável sensação de "falta algo" no ar. Queria por si mesmo, pelo brio que demonstrou ter, e por sua biografia, algo mais. Falaram e especularam muito a seu respeito, mas uma única e meritória vez ele soube manter-se calado. Entendam: ficar de boca fechada não é seu forte, e inevitavelmente, quando a abre, sua capacidade de criar frases dúbias é peculiar, um talento à parte, ainda que indesejado. Abusei das vírgulas na frase anterior assim como ele abusa da paciência de seus fãs em tentar justificar algo que nem precisa ser mesmo justificado.
Queriam o seu lugar para um outro compatriota, sobrinho daquele que personalizou a tragédia com sua precoce partida. Ele resistiu, fez ver que sua experiência poderia ser mais útil num momento delicado de sua escuderia, ela mesma numa espiral de inferno astral engolfada pela crise global, e finalmente, triunfou. O melhor no entanto, ainda estava por vir: desde os primeiros testes o carro se revelou uma grata, gratíssima surpresa. Chave de ouro à vista, encerrar a carreira como campeão, quiçá, nem Hollywood pensaria num roteiro tão bom.
Hoje esse jovem homem completa 37 anos de idade, é o vice líder do campeonato mundial de Formula 1, teria tudo para estar comemorando isso com muita alegria, mas paradoxo de novo: está infeliz. Seu companheiro, dado como cachorro morto por muitos, mostrou uma incrível capacidade de recuperação e do semi-desemprego de alguns meses atrás, catapultou-se a uma inconteste liderança do mundial.
Se eu fosse o aniversariante de hoje iria curtir muito o meu aniversário, em Mônaco, charmoso reduto da cafonagem alta classe mundial. Iria soprar as velinhas, beber um goliquinho só, e depois, dormir como um príncipe. Amanhã tem corrida, e fim de inferno astral, quem sabe? As fadas do destino são caprichosas e vivem debochando dos roteiristas de Hollywood....

Feliz aniversário Rubens!

PARADOXOS



Dizem que os trinta dias que antecedem os nossos aniversários são caracterizados por uma espécie de "inferno astral'. Se isso se confirmar, amanhã teremos o começo da reação de Rubens Barrichello, aliás eu li em algum lugar que a partir de junho, ele teria um ótimo campeonato.
Não acredito muito nessas coisas, mas como dizem os espanhóis, polêmicos e sábios "yo no creo en brujas, pero que las hay, hay".
De qualquer forma, os treinos classificatórios para o GP de Mônaco transcorreram de forma prevista: pole position para o líder do campeonato - aquele piloto que vive um "momentum" incrível, onde tudo parece se encaixar nos mínimos detalhes, uma boa reação da equipe Ferrari, o fiasco das equipes Toyota e BMW, o deslize de Hamilton - que bateu seu carro e sai apenas na 15ª posição - e as desculpas de Nelsinho. Este, declarou a Mariana Becker que apesar de largar apenas em 12ª posição "seu treino foi melhor do que o esperado" . Se eu fosse advogado dele, o que não sou, abandonaria meu cliente na hora! Esportistas de primeiro time jamais jogam a toalha dessa maneira. Volto mais tarde para comentar outras coisinhas, inclusive uma observação de meu amigo Henry, chamando a atenção para um artigo do Ico no blog dele, sobre hipotéticas cartas marcadas para fazer do francês Grosjean o campeão da GP2. Outra vez as bruxas!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

ROUND UP: GP 2, MÃE DINAH, MINI INDY, E OTRAS COSITAS MÁS.




















O Lucas di Grassi provavemente não contava com um início de campeonato tão avassalador pelo seu oponente a uma vaga na Formula 1 no próximo ano (aliás o único oponente direto, porque o outro, Bruno Senna está em outra categoria no momento), Roman Grosjean. O francesinho está mesmo endiabrado e hoje abriu uma bela vantagem sobre Lucas na tabela ao vencer pela segunda vez em três corridas. Lucas joga uma cartada decisiva em sua carreira: ou é campeão ou é esquecido pela Formula 1. Gosto dele, do seu estilo de pilotagem, mas não caio no mesmo erro de tantos patrícios que a cada nova promessa enxergam um novo ídolo, que vai nos resgatar do limbo das vitórias (pelo menos enquanto Massa não acerta a Ferrari e Rubens deixa o complexo de escudeiro para lá), um Dom Sebastião moderno cuja armadura seja o macação e o capacete.
Não me empolgo muito com a GP2, acho que já deixei isso claro aqui. Sou do tempo da velha e boa Formula 2, assisti a pegas incríveis na década de 80 em Silverstone, Thruxton, e outros circuitos, mas mesmo então, quando um piloto tinha talento mesmo, pulava direto da Formula 3 para a Formula 1. Exemplos? Nelson Piquet, Ayrton Senna, Gerhard Berger, Mikka Hakkinenn, mais recentemente o Raikkonen que catapultou direto da Formula Super Renault para a Formula 1.
Da safra atual, com tantos trapalhões, não boto fé excessiva em nenhum piloto, apesar de simpatizar com os brasileiros e com o português Alvaro Parente, que tem um bom currículo. O Edoardo Mortara me parece acima da média  atual, posso estar enganado, o resto, dá para o gasto. Outro que provavelmente chegará á categoria máxima é o alemão Hulkenberg, vale a pena ficar de olho.O Ricardo Teixeira, bravo angolano (tenho amigos desse simpático país, tão devastado pelo animal homem nos últimos anos), me parece um peixinho fora dágua na categoria, espero que se encontre em breve.
O troféu "Mãe Dinah" foi para o Lewis Hamilton que diz achar que Jenson Button tem boas chances de tornar-se o campeão mundial da Formula 1 na atual temporada. Cazzo! Até minha vizinha dona Cotinha que tem 86 anos e faz tricot furiosamente o dia todo e nas madrugadas também, poderia afirmar isso: o cara pálida peladão da semana venceu 4 das cinco corridas do ano!
A mini Indy teve sua corridinha de 100 milhas hoje e a Bia Figueiredo (acelera a mocinha) sofreu um grave acidente, mas aparentemente está tudo bem com ela. O Mário Romancini foi o terceiro colocado numa boa prova de recuperação e o vencedor foi o neozelandes Wade Cunningham. Tampouco me empolgo com essa categorias americanas, apesar de reconhecer a organização do automobilismo deles.
Amanhã teremos treinos de verdade, as prováveis explicações do Nelsinho Piquet de sempre, a pole que vale meia vitória e esperamos, no domingo uma corrida digna do nome. Enquanto isso, os tubarões, Bernies etc, continuam se digladiando pelos muitos $$$$$ que a categoria gera. Ah, ia me esquecendo....e tem zumbi na história também: o Jacques Villeneuve querendo voltar a correr na Formula 1. Caramba, o cara não desiste de ser mala mesmo. Já foi, já deu o que tinha que dar.....

GENEROSIDADE: ESPALHE ESSA IDÉIA!


A vida nos traz surpresas boas e más. Vamos ficando calejados, porque via de regra as más surpresas acontecem com mais frequência, portanto criamos um mecanismo de auto-defesa interno, como que para absorver os efeitos nefastos. Num mundo cada vez mais individualizado, onde o ser humano simplesmente esqueceu que veio para cumprir uma missão em grupo, que somos gregários e portanto destinados a "pertencer" e não possuir, decepções se sucedem e nos tornam cínicos e tristes.
Mas há o outro lado da moeda também. Sim, o outro lado é brilhante, humilde e generoso, e eu recomendo uma visitinha. Isso tem acontecido comigo, desde que há cerca de dois meses resolvi tomar coragem e expor minhas idéias (idiossincráticas, sem dúvida) , dividir algumas de minhas experiências (as publicáveis - há crianças na sala), e chutar alguns baldes furados. Esse blog é uma forma de extravassar meus pensamentos, externar minhas revoltas e homenagear valores e pessoas que em minha concepção o merecem.
Desde que comecei, percebi  que algumas pessoas, donos de blogs muito bons, com bastante audiência, demonstrando muita generosidade se colocavam a minha disposição para ajudar, opinar, ler, discordar, quem sabe. Isso é muito recompensador, pois estamos repercutindo idéias, e sonhos. Em algum lugar eu li que o homem certo, com o pensamento adequado pode ser ouvido a mil léguas de distância. Quanta verdade isso tem com o advento da internet! Bruno Santos, Saloma, Mestre Joca, Henry,Ron Groo, Helio Herbert, Raphael Serafim, o garoto espanhol Ovi, Felipe, meu filho Caio Cezar, e tantos outros, desde a primeira hora apoiaram e incentivaram. Talvez tenha esquecido de alguém, tem o meu amigo Antonio Manoel, companheiro de tantas aventuras e sonhos, o Rafael Lopes do "Voando Baixo", muitos blogueiros que eu sigo, leio e respeito, a deusa, e mais.
Enfim, o Bruno mencionou meu blog na entrevista que deu ao speeder do excelente blog continental circus, que também me elogiou e eu só tenho a agradecer. Os amigos do Buteco Racing, que me deram a honra de ser um dos convidados na última edição do popular Pod Cast, e também uma nova amiga, a Paula Peixoto, de Portugal, fã incondicional do falecido Roland Ratzenberger.
Quero novamente agradecer a todos, e dizer que estou pegando o jeito disso aqui, querendo trazer modificações estéticas e um conteúdo mais rico num futuro próximo. Blogar é um ato de prazer e de amor. Obrigado!!


quinta-feira, 21 de maio de 2009

NADA NOVO NO ZOO: LEÃO DAS SEXTAS APRESENTA-SE NA QUINTA.


Como tem sido hábito nessa temporada,  o primeiro dia dos treinos livres dos Grandes Prêmios foi dominado pela Williams de Nico Rosberg. Na parte da manhã, no primeiro treino livre havia acontecido uma dobradinha brasileira com Rubinho a frente de Felipe Massa. No segundo treino livre, depois de Rosberg vieram Lewis Hamilton, Rubens Barrichello, Jenson Button, Felipe Massa, Sebastian Vettel (que teve um motor quebrado na parte da manhã). Nelson Piquet conseguiu a décima colocação, numa rara ocasião em que superou seu companheiro de equipe Fernando Alonso, ainda que por pequena diferença, já que o espanhol ficou com a 11ª  posição no treino. Amanhã não tem Formula 1 em Mônaco, os pilotos descansam, observam a prova da GP2 e se preparam para o importante e decisivo treino de classificação no sábado. Uma boa posição na largada é fundamental para obter um bom resultado na corrida, devido às conhecidas dificuldades de ultrapassagem no circuito urbano de Monte Carlo.

1 - Nico Rosberg (ALE/Williams-Toyota) - 1m15s243 (45 voltas) 
2 - Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes) - 1m15s445 (35) 
3 - Rubens Barrichello (BRA/Brawn-Mercedes) - 1m15s590 (41) 
4 - Jenson Button (ING/Brawn-Mercedes) - 1m15s774 (36) 
5 - Felipe Massa (BRA/Ferrari) - 1m15s832 (42) 
6 - Sebastian Vettel (ALE/RBR-Renault) - 1m15s847 (33) 
7 - Heikki Kovalainen (FIN/McLaren-Mercedes) - 1m15s984 (45) 
8 - Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari) - 1m15s985 (43) 
9 - Kazuki Nakajima (JAP/Williams-Toyota) - 1m16s260 (43) 
10 - Nelsinho Piquet (BRA/Renault) - 1m16s286 (43) 
11 - Fernando Alonso (ESP/Renault) - 1m16s552 (39) 
12 - Mark Webber (AUS/RBR-Renault) - 1m16s579 (27) 
13 - Adrian Sutil (ALE/Force India-Mercedes) - 1m16s675 (38) 
14 - Jarno Trulli (ITA/Toyota) - 1m16s915 (43) 
15 - Sebastien Buemi (SUI/STR-Ferrari) - 1m16s983 (48) 
16 - Sebastien Bourdais (FRA/STR-Ferrari) - 1m17s052 (48) 
17 - Nick Heidfeld (ALE/BMW Sauber) - 1m17s109 (40) 
18 - Timo Glock (ALE/Toyota) - 1m17s207 (45) 
19 - Giancarlo Fisichella (ITA/Force India-Mercedes) - 1m17s504 (45) 
20 - Robert Kubica (POL/BMW Sauber) - sem tempo (2)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

UM HOMEM TOCADO PELO DESTINO: GRAHAM HILL PARTE II



A essa altura da carreira e da vida, Hill já era considerado acabado por muitos, mas isso não o abalava. Fazia o que gostava, ganhava dinheiro com isso, desfrutava de prestígio e tinha sonhos e planos a realizar.  Ele se tornou figurinha fácil em programas de televisão na Inglaterra, sempre elegante e espirituoso. Escreveu uma autobiografia que foi um best seller, por sua franqueza e bom humor, "Life at the limit". Mesmo bi campeão mundial de Formula 1, vencedor em Indianápolis, era comum ve-lo disputando provas de Formula 2, pela equipe Rondell e servindo de referência para os pilotos mais jovens. Foi retratado num memorável episódio do programa humorístico "Monty Python" en que São João Batista tenta imitá-lo, tamanha era sua popularidade. Participou também, no período de 1966 a 1974 em quatro longas metragens, inclusive no aclamado filme "Grand Prix" de John Frankenheimer ( em minha humilde opinião, ainda não superado entre os filmes retratando automobilismo). Ajudou a desenvolver o projeto do Rover-BRM, carro a turbina para Indianápolis, correu de carros turismo, ou seja, era um piloto típico de uma era que já não volta mais.
Com os lugares em boas equipes se tornando cada vez mais difíceis, especialmente para um piloto que já havia tido seu ápice muito antes, Hill acabou montando sua própria equipe em 1973, inicialmente com carros  Shadow, depois Lola e finalmente em 1975 com seu próprio projeto, sempre patrocinado pelos cigarros Embassy. Com sua não-classificação para o Grande Premio de Mônaco (mais uma vez marcante em sua carreira) em 1975, Hill decide abandonar as pistas de vez e concentrar-se em sua equipe e na carreira de seu jovem e promissor protegido, Tony Brise.
Em novembro de 1975, retornando do circuito de Paul Ricard no sul da França, com Brise e mais alguns integrantes de sua equipe, Hill foi surpreendido por mal tempo, pilotando seu Piper Aztec, e a aeronave caiu ao norte de Londres, matando-o assim como sua jovem e promissora equipe. Aparentemente, problemas com o seguro da aeronave e ações na justiça fizeram com que a viúva Bette tivesse que se desfazer de boa parte de seu patrimônio para cobrir as custosas indenizações, tendo seu filho (então adolescente) chegado ao ponto de trabalhar como moto-boy em Londres para ajudar no sustento da  família.
A história transformou aquele jovem em um homem de fibra e num campeão mundial de Formula 1, o que seria o bastante para um país, imagine para uma única família. O que me chama a atenção em Graham Hill, sua carreira e principalmente o homem por trás do mito é sua enorme persistência e força de vontade. Sem jamais perder a elegância, sabia reconhecer suas limitações técnicas e fazer dessas mesmas limitações o diferencial que o tornaram um multi campeão e vencedor no esporte e na vida. Disputou 176 Grandes Prêmios, numa época em que estes eram em número bem reduzido se comparado aos dias de hoje, sendo o recordista em participações por mais de uma década, até ser igualado pelo francês Jacques Laffite. Correu por amor ao esporte e quando lhe diziam que estava a estragar seu currículo respondia: faço o que me dá mais prazer e isso é o suficiente para que eu queira continuar em frente, a despeito do que pensam as outras pessoas.
Portanto, nessa semana em que se realizam duas das principais corridas de automóvel do mundo, o Grande Prêmio de Mônaco e as 500 milhas de Indianápolis, ambas vencidas de maneira incontestável por aquele homem elegante e de valores sólidos, próximo da realização das 24 horas de Le Mans, prova que ele também dominou, nada melhor que uma singela homenagem desse blogueiro que se irrita em ver tanta mesquinharia no gerenciamento do esporte que tanto ama.

GUERRA DE EGO$$$: QUEM VAI COLOCAR OS PANOS QUENTES?






Desde que o mundo é mundo, guerras são travadas, países são invadidos, tragédias são perpetradas em nome do EGO. A necessidade de supremacia, de fazer impor sua opinião, de mostrar autoridade é inata ao ser humano. Ditadores sanguinários movidos unicamente a ambição e ego levaram países inteiros ao fundo do abismo, empresas movidas pela vaidade foram riscadas do mapa, assim como bancos e instituições.
Daí que inventou-se a diplomacia, aquele esporte de sorrisinhos e tapinhas nas costas, frenéticas reuniões técnicas acontecendo nos bastidores, enquanto a turma da frente amacia e prepara o caminho para entendimentos e acordos salvadores. O Brasil tem tradição nisso, com o nosso inesquecível Barão do Rio Branco, e até hoje somos conhecidos como um país de distensão, de acordos, de boa convivência com nossos vizinhos. 
A FIA, desde que Max Mosley - famoso entre os brasileiros por "surrupiar" por meio de contratos duvidosos uma grana e quiçá a inteira carreira de Alex Dias Ribeiro nos anos 70 (quando era o dono da equipe March), assumiu a presidência, vinha demonstrando sinais inequívocos de entidade volúvel, à mercê do ego de seus mandatários de plantão, e em detrimento do bom senso e dos direitos alheios. Na década de 80 tivemos o irrascível Jean Marie Balestre - francês temperamental, polêmico, egocêntrico e dizem, ex-colaborador dos nazistas na Segunda Guerra Mundial (uma vergonha dividida por nosso Mad Max, cujo pai, Oswald Mosley era o presidente do partido nazista inglês - sim, isso existiu, fruto da democracia da Ilha), que também tinha atitudes ditatoriais e causou um "cisma" no GP da Africa do Sul de 82.
Em ambos os casos, nos bastidores, move-se a figura diminuta (quem pensou em Napoleão não erra por muito) de um inglês que já foi contrabandista de armas: Bernie Ecclestone. Ele parece ter os fios que controlam os marionetes nazista e sado-masoquista da hora, em defesa de seus interesses puramente monetários. Ninguém lhe tira o mérito de ter transformado a Formula 1 no colosso econômico que é hoje, comparado aos anos 60 e 70 (que mesmo minha romântica memória não quer ver de volta, devido aos improvisos de segurança e amadorismo total na infra-estrutura), mas ele joga muito pesado e não abre mão de seu percentual bastante elevado.
O problema é que a Formula 1 tem sua espinha dorsal nas equipes de garagistas, cujo último representante digno de nota é Frank Willians. A Ferrari sempre foi um caso a parte, e dificilmente poderia ser chamada de garagista hoje em dia, principalmente após a passagem do furacão Schumacher, mesmo com os erros macarrônicos da atual temporada. Há muito os Ken Tyrrell, John Coopers, Johan Surtees, Jack Brabhams da vida se foram. As montadoras, desunidas (até então) e movidas por gráficos de vendas e quase nenhuma paixão genuína pelo esporte, viam na Formula 1 uma excelente maneira de promover seus produtos, sem realmente estarem comprometidas com a organização em si. Ocorre que os tempos mudam, coisas acontecem, e a leviandade com que Mosley e Ecclestone tratam os regulamentos esportivos (com uma novidade a cada semana, uma hora o campeão será aquele com mais vitórias, na outra semana, voltam atrás), o jogo de factóides para chamar a atenção da mídia (totalmente desnecessário a meu ver). A última modificação, a decisão de criar um teto orçamentário para as equipes e mais, criar uma espécie de segunda divisão dentro da categoria, é absurda e deve ter sido um factóide a mais.  Com a ação da Ferrari na justiça francesa a coisa ganhou dimensões mais amplas e agora, os dois moleques briguentos ficam sem jeito de apertarem as mãos....vão continuar brigando, mesmo sem ter razão alguma para isso.
Cansei-me de me iludir quanto ao bom senso dessa turma. Que se entendam, e se não o fizerem, danem-se. Vou continuar amando corridas e amando carros de corrida. Numa hipótese remota de a Formula 1 acabar, sempre vai haver corridas interessantes, máquinas idem e pilotos velozes. Se eles não respeitam a própria história, não somos nós que vamos dar um jeito nisso. De toda maneira, espero que as coisas se resolvam da melhor maneira possível, quem sabe uma boa sessão com uma domme alemã, com um chicote bem pesado traga um pouco de juízo á cabeça desvairada de Mad Max?

terça-feira, 19 de maio de 2009

UMA PEQUENA HOMENAGEM: NORMAN GRAHAM HILL




Dizem que o mundo não é um lugar justo, e, ao conhecer a história de Graham Hill, tenho que concordar com essa afirmativa. Sem nunca ter sido o melhor, o mais rápido, o mais completo piloto, ele conseguiu ser um vencedor num esporte de altíssimos níveis de exigência, demonstrando determinação, talento, persistência, resiliência e principalmente, um espírito esportivo e humano incomum, mesmo naqueles loucos anos 60 do século passado. A falta de justiça a que me refiro, é o fato de ele não ter tido tempo de aproveitar uma aposentadoria com sua linda família, e principalmente, curtir o campeonato mundial de seu único filho homem, Damon, muitos anos depois.
Ainda hoje, Graham Hill é o único detentor de uma honraria incrível: a tripla coroa do esporte. Ele venceu o campeonato mundial de Formula 1 (duas vezes, em 1962 com BRM e em 1968 com Lotus Ford), as 500 milhas de Indianápolis (em 1966 com Lotus) e as 24 horas de Le Mans (em 1972 em dupla com Henry Pescarollo com Matra).
Sua história pessoal está repleta de lances de superação, que me fazem admirá-lo ainda mais. Sempre tive a preocupação de entender as características e motivações que separam os grandes dos comuns, os campeões dos simples mortais. O esporte é um excelente laboratório de sociologia, onde podemos ver que os que conseguem lograr êxito, muitas vezes são aqueles providos de maior poder mental, determinação incomum e disciplina, não raro superando aqueles que "bafejados" por talento pelos deuses do destino, e que os desperdiçam ao não compreender as intrínsecas circunstâncias ligadas ao sucesso.
Hill serviu à Marinha de sua Majestade e depois de desligar-se do serviço militar foi trabalhar na empresa Smiths Instrumentos. Gostava bastante de motocicletas e diz a lenda, que por não saber dirigir automóveis, e querendo muito aprender, foi atraído por um anúncio da Brands Hatch Racing Schools oferecendo voltas no circuito pelo módico preço de 5 shillings. Tomou gosto pela coisa, trabalhou como mecânico para Colin Chapman, e aos vinte e cinco anos de idade estreou em competições  num Cooper 500 de Formula 3. Claro que os tempos eram muito diferentes de hoje, onde um mero garoto que está iniciando sua carreira no kartismo já dispõe de assessores de imprensa, massagistas, psicólogos et caterva. Sendo mecânico da equipe Lotus lhe possibilitou estrear na Formula 1 no Grande Prêmio de Mônaco de 1958, tendo que abandonar por falha mecânica. Em 1960 ele assinou com a equipe BRM e sagrou-se campeão mundial em 1962. Naquela época os ganhos dos astros das pistas não eram nem de longe parecidos com os dos de hoje, portanto eles tinha que correr em outras categorias em busca de prêmios e bônus por participação. Ele também venceu a prestigiosa prova Indianápolis 500 a bordo de uma Lola em 1966, ganhando grande prestígio e dinheiro na época. Hill era o melhor embaixador que o esporte poderia ter, pois era sociável, engraçado - de um jeito que os ingleses são muito bons - e demonstrava extrema habilidade em trabalhos de Relações Públicas.
Em 1967 ele voltou à equipe Lotus, ao lado de seu grande amigo Jim Clark. As mudanças de regulamento acontecidas a partir da temporada de 1966 (motores de 3 litros aspirados), fizeram com que a empresa Coswort lançasse o seu famoso V8 patrocinado pela Ford, motor que venceu inúmeras vezes nas décadas subsequentes. Após as trágicas mortes de seus companheiros de equipe Mike Parkes e Jim Clark (o grande nome da Formula 1 na época), ele assumiu a responsabilidade de liderar a equipe e venceu o campeonato mundial novamente em 1968. Nesse meio tempo ele estabeleceu um incrível domínio sobre a prova monegasca, vencendo-a cinco vezes no total (sendo superado apenas muitos anos depois pelo nosso Ayrton Senna).
Os carros da Lotus sempre tiveram a reputação de serem velozes mas muito frágeis, e um terrível acidente no GP dos Estados Unidos em 1969 quebrou suas duas pernas, afetando definitivamente sua carreira. Sua heróica recuperação, entre dores terríveis e seções de fisioterapia foi mais um capítulo em sua biografia de herói do esporte.

Continua.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

ORGANIZANDO O BLOG




Estou adorando a experiência de ser blogueiro tardio, a escrita e o acompanhamento de blogs amigos virou "terapia". Notei que os "causos" que eu conto são os que mais dão audiência, e fico sinceramente lisonjeado com isso, mas a proposta do blog é mais ampla e ambiciosa. Não pretendo abandonar os meus casos, mas eles vão acabar, mais cedo ou mais tarde, portanto, quero ir dando uma consistência ao blog, emitindo opiniões, escrevendo artigos, crônicas, coisas assim. Claro que já deu para perceber a linha que devo seguir. Existem blogs destinados a cobrir eventos atuais, alguns excelentes nisso, outros que se preocupam em preservar a memória, também excepcionais, outros que trazem curiosidades, enfim, há blogs de todos os tipos.
Como sou muito palpiteiro, e acompanho automobilismo há muito, muito tempo, pretendo criar algumas seções fixas, e já dei dicas de quais seriam elas:
1- Memórias ou reminiscências pessoais;
2- Pilotos que eu gosto ( critério absolutamente pessoal)
3- Pilotos que foram sub avaliados;
4- Pilotos que foram super avaliados;
5- Equipes que eu gosto;
6- Histórias pouco conhecidas do passado,
7- Tema livre.
Estou preparando um artigo sobre a equipe Ensign, talvez a que eu tenha nutrido maior simpatia durante os anos 70, torcendo como louco para ver ela dar certo, e frustrando-me, pois apesar de ter ótimos carros e ótimos pilotos em algumas situações, os resultados nunca vieram. Aguardem.

domingo, 17 de maio de 2009

SEMANA INTENSA: GP EM MONTECARLO E 500 MILHAS DE INDIANAPOLIS









Para os fanáticos por automobilismo como eu, essa semana que se inicia talvez seja a mais excitante de todas, pois acontecem duas das principais provas do ano: GP de Mônaco e s 500 Milhas de Indianápolis, ambas motivos de alegrias aos torcedores brasileiros. Mas nem sempre foi assim: quando eu era pequeno, em meados dos anos 60, a gente só ouvia falar das provas em revistas especializadas e em uns programetes antigos, datados, que passavam na TV Excelsior, se não me engano, sobre corridas de anos anteriores, mostrando  principalmente, os espetaculares acidentes.
O primeiro GP oficial a ser transmitido ao vivo pela Televisão brasileira, se não me falha a memória foi o GP de Mônaco de 1972, em que Emerson era o pole position, choveu muito e o Jean Pierre Beltoise conquistou a única vitória de sua carreira, e a última da outrora glorioso equipe BRM. Com Emerson e Piquet, nós os brasileiros nunca chegamos a saborear o gostinho de uma vitória, apenas algumas boas colocações, mas em compensação, com Ayrton Senna, nos esbaldamos de ouvir o hino nacional!
As 500 Milhas de Indy sempre me encantaram, mesmo antes, muito antes de eu assisti-la pela televisão. Lembro-me vagamente da vitória do Graham Hill em 1966, e eu só tinha 6 anos de idade! Depois disso muita água rolou por debaixo, por cima e dos lados de muitas pontes, e Emerson (quem mais?) nos ensinou que era sim possível, vencer na meca dos americanos, e parece, pegamos gosto pela coisa: além do Emmo, duas vezes, ganhamos com Hélio Castro Neves, duas vezes e com o Gil de Ferran.
Nesse ano de 2009, pelas circunstâncias dramáticas vividas por Helinho, sua pole tem um sabor mais doce que de costume, e com a presença de 6 brasileiros no grid, nossas chances de vencer são de mais de 20%, nada mal, eu diria.
Que chegue o domingo!

sábado, 16 de maio de 2009

DEPOIS DA TEMPESTADE VEM A BONANÇA: TESTE FRUSTRADO E ESTRÉIA INESPERADA.


Pois bem: espero pacientemente minha vez, procuro um lugar para colocar o macacão verde musgo e largo que havia trazido de Ourinhos e que arranca risinhos dos outros "pilotos", e é difícil achar um local com privacidade para isso, uma vez que os banheiros públicos são bem ....públicos mesmo! Inútil também tentar achar algo decente para comer, não me canso de me surpreender negativamente com o amadorismo das instalações dos circuitos ingleses, mesmo os mais importantes como Silverstone e Brands Hatch. Muita lama, estacionamentos distantes, comida nauseante, muita confusão, mas um domingo típico leva mais de 200 competidores e milhares de fãs. Engraçado é que os garotinhos vêm conversar com você, esticando os braços com os programas das corridas e pedem seu autógrafo na página em que está a sua prova, de preferência sobre seu nome.
Mas, vamos voltar a Lydden Hill. Eu seria apenas o terceiro a testar o carro, mas para minha frustração e da nação em geral, o gordinho entalou dentro do carro e precisou ser cortado com maçarico! - To brincando, na verdade a anta do gordo bateu o carro de frente numa barreira de pneus do outro lado da pista, e realmente, ficou sentado dentro do carro esperando socorro. Recolhe as ferramentas, destroca o macacão, a fome apertando e o cara fazendo que não entendia quando eu lhe pedi a minha grana (100 libras pelo teste) de volta. Eu olhei bem nos olhos dele, me lembrei de meus tempos de garoto em Ourinhos quando havia brigas na saída do Horácio Soares quase todos os dias, e que em algumas delas eu era obrigado a me envolver também, fechei os punhos e falei em bom portuinglês: I soc you! (até hoje não procurei no dicionário se há um verbo to soc, mas acho que funcionou, porque ele me chamou Na van e me devolveu a grana).
Claro que uma carona até a estação estava descartada, pus-me a andar e o circuito, além de longe fica no fundo de um vale. Caminhei por uma hora ou mais e cheguei na pequena estação bem a tempo de apanhar um último trem para Londres, frustrado, amargo e muito puto!
Isso foi numa quarta-feira, se não me engano. Qual não foi a minha surpresa ao receber um telefonema do tal de Richard no sábado a tarde, me chamando para competir no dia seguinte em Brands Hatch, e melhor, de graça! Meu inglês era fraco, mas fora bem treinado para detectar a palavra "free" em qualquer situação, e meio descrente ainda, marquei com ele para me pegar na estação as seis da manhã seguinte. 
Nem dormi a noite, preparei minhas coisas, lembrei-me de passar num mercadinho e comprar pão de forma, queijo e presunto, pois não queria passar fome novamente. Licença de piloto, capacete lustrado, macacão - ainda o verde musgo - carteira de piloto provisória, e muita vontade. Levantei antes das cinco, tomei banho (que frio....) e pus-me a caminho da pista. Cheguei pouco depois da seis e um animado Richard, sorridente e com aparente problema de amnésia (nem mencionou o "soc").  Ele me disse que eu seria um de três pilotos que utilizariam o carro naquele "meeting", no lugar de um desistente, e como o rapaz não fizera questão de buscar a devolução do dinheiro, eu poderia pegar alguma prática. Olhei o programa e eu seria um tal de Tobby alguma coisa, mas nem liguei. Brands Hatch era bem mais movimentado que Lydden Hill e apesar de já ter assistido a algumas corridas naquela pista, jamais havia entrado na mesma, a pé ou de carro. A minha prova era a primeira, portanto ele me recomendou que me trocasse e ficasse pronto. Ansioso, esperei pacientemente até que descarregassem o "bólido" do pequeno trailer e pude verificar, para meu alívio que o negão não era um dos outros dois pilotos do carrinho azul. Como existiam otários naquela época!
Richard tentou me dar algumas explicações sobre temperaturas de pneus, macetes da pista, estas coisas, enquanto eu entrava no carro e apertava o cinto de segurança, mas francamente, eu não o ouvia, tamanha era minha excitação! Não só era meu primeiro treino oficial, como também era o primeiro treino da minha vida, já valendo tempo e numa pista que eu jamais estivera, do alto da experiência de um curso de inverno de escola de pilotagem.
Funcionei o motor, aqueci, e esperei pacientemente para entrar na fila que ia para a pista. Não se esqueceram de colocar a plaquinha amarela com a letra "L", como para avisar aos outros o perigo ambulante que estavam prestes a encarar. Tudo acontece muito rápido: você acelera, entra na pista, acelera mais, parece não sair do lugar, e logo vai tomando volta dos mais rápidos, preocupando-se mais com o espelho retrovisor do que com a pista adiante. Uma volta, duas, muito rápido numa curva, rodei, bandeiras amarelas, motor  funcionando, engatei primeira e segui novamente. O coração acelerado, o rosto certamente vermelho de vergonha, a balaclava roxa fazendo bem o seu papel de esconder isso do mundo! Procurei terminar o treino e não fazer mais besteiras, de vez em quando dava para olhar o conta-giros e os outros relógios no painel, mas em 20 minutos, você aprende muito, muito mais que em uma semana de curso. Classifiquei-me em ante-penúltimo, acho que os outros dois caras estavam competindo de bicicleta, porque sabia que tinha muito que aprender. Se bem me recordo, meu tempo foi por volta de 59 segundos para o circuito indy de Brands, quando os ponteiros já rodavam por volta de 50 cravados. Richard ficou muito feliz que eu tivesse trazido o carro em uma única peça de volta para os boxes, mas mal pode me dar atenção, pois havia ainda duas classificações para outras duas corridas com o mesmo carro. Nem me lembro do tempo dos outros pilotos, suas corridas eram mais difíceis, mas acho que me saí bem, pois todos me olhavam com um certo ar de respeito, ou talvez, o meu macacão de brim verde musgo os impressionasse, sei lá.
A minha largada era logo depois do almoço, e eu super ansioso recebo a boa notícia: o alternador não carregava a bateria e a única que tínhamos havia descarregado quase completamente. Portanto, teríamos que ligar o carro no tranco (escondido dos fiscais), coisa que para mim era fácil, pois meu pai havia me treinado durante anos com uma infinidade de carros velhos e sem partida, mas eu não poderia em caso de rodar novamente, deixar o motor morrer. OK, no problem, Richard!
Um dos momentos inesquecíveis de minha vida foi a volta até chegarmos ao ponto de partida de Brands Hatch naquele domingo frio de 1981 - nem me lembro a data exata. Mas foi incrível, eu olhava para as arquibancadas de dentro de meu capacete de motos, verde como o macacão, e mal podia acreditar que estava ali, do lado de dentro da pista.  Acho que havia uns vinte e oito carros no grid, eu era o vigésimo-sexto e decidi não me estressar, apenas curtir a corrida, como se fosse a única de minha vida. E foi exatamente o que fiz: larguei bem, passei uns dois, outros dois saíram rodando na curvona depois da linha de chegada e fui conduzindo o carro até o final, tranquilo, sem olhar os relógios do painel, até que.....a bateria foi ficando fraca e o carro perdeu rendimento, após umas cinco ou seis voltas de 15. Pena. Estacionei ao lado da pista e fiquei observando os outros pilotos, capacete na mão e me sentindo um piloto. Desnecessário dizer que minha ansiada assinatura na licença não veio, por não ter completado a prova, mas Richard me teceu muitos elogios.
De volta a realidade, comecei a matutar como conseguir dinheiro para mais treinos e mais provas. Havia ficado definitivamente viciado no negócio. Queria mais e mais!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

FINALMENTE UM PILOTO. PILOTO QUER CORRER. MÃOS A OBRA.



Volto a Londres e à dura vida de proletário. Na verdade nada de que me queixar, se nos três primeiros meses trabalhei como lavador de pratos e camareiro, além de eventuais bicos, à essa altura já estava, graças ao meu "guardian angel" Mário, trabalhando na IMO, orgão da ONU responsável pelos oceanos. Emprego legal, divertido, pagava razoavemente bem, e principalmente, me garantia a estadia legalizada no Reino Unido!
O ano de 1980 chega ao fim e eu perscrutava as páginas finais da revista "Autosport", seção de classificados, para ver se conseguia alguma oportunidade, alguma equipe contratando futuros campeões mundiais de Formula 1, quem sabe! Claro, o  mais comum eram anúncios de carros de corrida usados à venda, alguns profissionais se oferecendo, equipes mostrando suas estruturas e por aí vai. No entanto, haviam alguns anúncios de "Hire a Formula Ford for cheap" - alugue um Formula Ford barato, e eu comecei a anotar os telefones, sem ainda ter a coragem para ligar, afinal a temporada já havia terminado e não havia corridas acontecendo. 
No início de 1981 comecei a ir assistir as corridas, especialmente Brands Hatch, pois era próxima a Londres e eu podia ir de trem. Já contei aqui as passagens das primeiras provas do Ayrton Senna, onde eu ficava "sapeando" nos boxes, amparado por minha carteira provisória de piloto inglês e muita lábia brasileira. Conheci outros pilotos e potenciais pilotos, e também chefes de equipes, mecânicos, e se bem que meu inglês era paupérrimo, alguma coisa já dava para entender e me fazer entender. O problema é que eu ganhava cerca de 450 libras esterlinas por mês, que era um belo salário, mas o aluguel de um Formula Ford velho, era por volta de 300 libras por corrida, que durava em média dez, doze minutos. Claro que as grandes equipes, como a Van Diemenn, do Senna, cobravam cerca de vinte mil libras por temporada, incluindo treinos, inscrições e tudo o mais. Totalmente fora de meu alcance financeiro.
Lá por abril, maio, eu vi um anúncio na revista Autosport, de um tal de Richard Ward (não esqueço o nome do maledeto, mesmo quase trinta anos depois) que tinha um Van Diemen 80 (razoavelmente novo, portanto). Liguei para o cara, marcamos de nos encontrarmos em um pub, ele era jovem (uns 30 anos no máximo) e me disse que havia tentado ser piloto, mas que tinha vocação mesmo para gerenciar carreiras de outros, que como eu, tinham mais talento para a coisa. O inocente aqui, acreditou e conversamos bastante, eu cheguei inclusive a ir a sua casa, conheci sua esposa, etc. Na verdade, o carrinho dele era um Van Diemenn 78 azulzinho, malhado e mais batido  que carro do Andrea de Cesaris em final de temporada, modificado para modelo 80.
Bom, para encurtar a história, resolvi fazer minha estréia, com a carteira provisória eu tinha que fazer 6 corridas nacionais (não podiam ser em campeonatos internacionais, portanto) e completar todas, obtendo as assinaturas dos fiscais, além de levar no carro uma placa amarela com a letra L em preto (learner= aprendiz), humilhante, mas útil. Marcamos para eu testar o carro num dia de semana em um pequeno autódromo chamado Lydden Hill, bem perto do litoral, ao sul, pista que hoje pertence á Mclaren. Pistinha de morro, pequena, seletiva, uma delícia. Peguei o trem, alguém me apanhou na estação, quase duas horas de Londres, e a surpresa: como haviam 3 corridas de Formula Ford no programa, haviam uns 3 coitados pagando para dividir o mesmo carro no mesmo evento: um sujeito baixinho e mal humorado, bem mais velho, um negão gordo (que imaginei teria que ser colocado no carro antes da carenagem, para caber dentro) e yours trully, o caipira aqui.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

DO FUNDO, BEM DO FUNDO DO BAÚ: JIM RUSSEL RACING DRIVERS SCHOOL



Era frio, finalzinho de novembro, em retrospecto acho que o curso era mais caça-níqueis que qualquer outra coisa, afinal os instrutores estavam cansados, os carros desgastados, os alunos eram uns gatos pingados vindo dos 4 cantos do planeta. Eu tinha enormes dificuldades com o idioma , Einstein que era, fui para a Inglaterra sem falar uma palavra sequer de inglês, mesmo as elementares me eram difíceis de pronunciar, graças a um trauma com meu primeiro professor de inglês o finado (não disse saudoso) padre Felipe, ainda em Ourinhos. 
O Jim Russell mesmo, eu acho que vi uma ou duas vezes, afinal trazia no bolso a famosa carta de apresentação do Emerson Fittipaldi. Acho que o velho nem olhou, pois nem me dirigiu palavra. O instrutor chefe era o John Kirkpatrick, escocês boa-praça que havia sido piloto de certo brilho anos antes, aliás, como a maioria dos outros instrutores. Havia um aluno, bem mais velho (eu tinha 20 anos), alemão, casado com uma venezuelana muito simpática, e ela, por falta do que fazer no hotel, assistia as aulas teóricas e me passava o essencial em espanhol mesmo.
Eu ficava bem no fundo da classe, encolhidinho (de frio e de timidez) vendo a velha lousa movida à giz sendo rabiscada, comentários sendo feitos, perguntas sendo respondidas e matutando: quero ir para a pista, porra! Fizemos umas aulas de skid control, que basicamente eram uns carros de rua velhos, com pneus muito carecas, num quadrado de gelo com cones, tínhamos que desviar dos dito cujos, e ir aumentando a velocidade e o grau de dificuldade. Como tenho boa coordenação motora (e modéstia), fui bem nessa parte.
Depois íamos para a pista com os surrados Van Diemenn (eu falei Merlyn, mas acho que me enganei, to ficando meio gagá, mas isso não pega, fiquem tranquilos) e tentávamos colocar em prática as teorias aprendidas na sala de aulas. Só havia um problema: eu não absorvia teoria alguma, já que tudo o que eu escutava era confuso! Mas fui melhorando, sentindo mais o carro, sendo disciplinado, mantendo o motor dentro dos giros recomendados, fazendo os movimentos de forma bem suave, e fui até elogiado pelo Kirkpatrick, ao final do curso!
Para tirar minha carteira de piloto, a CBA estava em pé de guerra com a FIA, precisei de um documento dizendo que não havia objeções à minha participação em corridas de automóveis no Brasil, o que demorou semanas, mas chegou. Depois disso peguei minha carteira provisória de piloto inglesa, e mal podia acreditar que já era tecnicamente, um piloto!

terça-feira, 12 de maio de 2009

A PRIMEIRA VOLTA A GENTE NUNCA ESQUECE!



Engatada a segunda marcha, esticada ao máximo vem a terceira e logo, muito rápido, a primeira curva. Acontece que você está deitado dentro de um carrinho de brinquedo, amarrado bem forte, com um monte de reloginhos á sua frente, e sua visão dianteira é só a partir de 8 metros a sua frente. Tira-se o pé do acelerador abruptamente, e o carrinho quase para por completo, o rosto deve estar corado, ainda bem que o capacete e a linda balaclava roxa não deixam ninguém ver!
O carro embarriga todo, parece bebâdo tentando achar o caminho de casa no escuro, e de repente surge um outro carrinho rugindo do seu lado esquerdo. Instintivamente, você se move para a direita, mas ainda bem, dá uma olhadinha no espelho e vem outro, que praga, eles parecem se multiplicar e ninguém usa busina, é uma confusão dos diabos! Acho que vou pelo meio da pista mesmo, mas é impossível, porque acelera, tira o pé e o ballet de bêbado deve estar preocupando os instrutores, postados estratégicamente nas principais curvas do circuito, que fazem sinais com as mãos. Caramba, se eu prestar atenção nos sinais eu não consigo pilotar essa coisa, tem as marchas, os reloginhos, os espelhos, e no máximo acho que estou indo a 80Km por hora! Completo a primeira volta nesse ritmo de tartaruga e decido tentar mais uma vez, tomando cuidado para não atrapalhar meus velocíssimos companheiros de curso, que vêm voando pela pista, enquanto eu me aclimatizo, me adapto, e quase me borro todo! Lembro-me que alguém havia me advertido sobre o perigo de se fazer a última pista de Snetterton de pé embaixo, pois há uma pequena saliência que teria causado a acidente quase-fatal de um promissor piloto de Formula Ford algumas semanas antes (Julian Bailey, que depois seria piloto de Formula 1 e antes disso, meu companheiro e amigo de muitas risadas). Qua qua qua, acho que bati o recorde mundial em velocidade ao contrário, pois devo ter feito a tomada da curva a uns 40km por hora, bem na tangência, pelo menos, e consegui "controlar" o possante motor de pouco mais de 100 hp e completar a volta sem mais incidentes. Bom, houve uma rodada na próxima curva, mas isso já estava contando para a segunda volta, portanto a minha primeira volta em um carro de corrida na vida transcorreu sem rodadas e a uma velocidade que me faria ser buzinado em zona urbana de cidade grande em horário de rush!
Volta aos boxes, os mecânicos (putas-velhas que são) com um ar sarcástico perguntam: e aí brasileiro, o que você achou? Eu retruco, sem ironia alguma: Fantastic!!! Os sorrisos são gerais, os deles certamente de gozação, o meu de alegria, alívio e um grande sentimento de realização, pois ninguém sabia quantas horas e quantos anos eu havia sonhado em estar ali, e não seria uma volta em ritmo de tartaruga cansada que estragaria aquela sensação.