quinta-feira, 30 de abril de 2009

15 ANOS SEM SENNA: MAIS UM POUQUINHO DE MEMÓRIAS



O resto do ano de 1981 foi um passeio para Ayrton, ele venceu diversas corridas, estabeleceu diversas pole positions e records de volta, assegurou seu futuro imediato no automobilismo. Só que havia um problema: ele estava tendo problemas na vida pessoal, aparentemente sua esposa Lilian não se adaptava a viver na gelada Inglaterra, seu pai o pressionava para que ele voltasse ao Brasil e assumisse os negócios da família. Naquela época era uma tremenda alavancada na carreira para o piloto de Formula Ford vencer o Festival de Formula Ford que acontecia e acontece até hoje em Brands Hatch, no final de outubro, comecinho de novembro. Em 1981 tudo fazia crer que Ayrton Senna era o favorito absoluto, pois havia dominado a maiorias das provas que disputou. Naquele ano havia uma atração a mais: a Marlboro estava oferecendo ao vencedor, como parte dos prêmios uma prova de Formula 3 na última prova do ano, extra campeonato em Thruxton. 
Mas Ayrton sucumbiu as pressões a abandonou temporariamente o automobilismo e voltou antecipadamente ao Brasil. Seu carro ficou vago e foi oferecido a um irlandês parrudo e papudo, Tommy Byrne, que á essa altura já estava competindo na Formula Ford 2000 e que dera muito trabalho a Moreno na Formula Ford 1600 em 80. Byrne aproveitou a chance e com o carro ainda pintado de preto e amarelo, exatamente como Ayrton o havia deixado, não deu chances aos seus adversários, ganhando o festival e vencendo o prêmio da Marlboro. Uma semana depois ele fazia sua estréia na Formula 3 no carro da Eddie Jordan Racing, pintado nas cores da tabaqueira e tampouco tomou conhecimento dos adversários vencendo de ponta a ponta e impressionando enormemente. Garantiu com isso um contrato com a equipe do também irlandês Jordan para o ano seguinte na Formula 3 (82) e antes do final do ano fez sua estréia na Formula 1 pela Theodore. Para resumir: Ayrton poderia ter vencido a prova, corrido na Formula 3 em 82 e antecipado sua estréia na Formula 1. História não se faz de suposições, mas tudo leva a crer que os acontecimentos a seguir ajudaram a traçar o destino de Ayrton, porque em 82 ele voltou, meio em cima da hora, não para competir na Formula 3 como poderia se supor, mas sim para correr na Formula Ford 2000 pela equipe Rushen Green. O sucesso foi estrondoso: competiu 28 vezes e ganhou nada menos que 21 provas, ganhando o inglês por antecipação e participando e vencendo o campeonato europeu da categoria. Eu sempre estava por perto, "sapeando"  nos boxes, competindo esporadicamente com equipamento muito defasado. Nessa época conheci e fiz amizade com Mauricio Gugelmin, piloto do Paraná que depois chegaria á Formula 1 e que dividia uma casa com o já separado Ayrton. Os brasileiros sempre faziam algum tipo de farra juntos e o pessoal do interior da Inglaterra ia a Londres para tentar usar um dos telefones públicos que apresentava defeito e permitia ligações internacionais a custo de ligação local. Faziámos fila, distribuíamos senha, batíamos papo até que a British Telecom sanasse o problema e a brasileirada encontrasse outra região com a mesma falha. Ayrton esteve algumas vezes nessas rodas, mas era bastante tímido e seu habit natural eram as pistas mesmo.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

15 ANOS SEM SENNA: O COMEÇO NA INGLATERRA





Muita gente está escrevendo e preparando matérias sobre a morte de Ayrton Senna naquele fatídico de primeiro de maio em Imola na Itália. Cada um de nós vai se lembrar do que estava fazendo naquele domingo, da agonia da falta de informações confiáveis, do desenlace trágico para culminar um final de semana negro como poucos na história do automobilismo mundial.
Minhas memórias vão retroceder mais alguns anos, quando vim a conhecer Ayrton pessoalmente. Eu já vivia na Inglaterra desde o final de abril de 1980 ( ver série Efemérides) e havia feito a minha escola de pilotagem (Jim Russell International Racing Drivers Schooll em Snertetton em novembro de 80), portanto naquele início de 81 já estava caçando algum carro de Formula Ford barato para alugar, sentindo o tamanho da encrenca em que queria me meter. Conheci o Roberto Moreno no final de 80, o vi ganhar com sobras o Festival de Formula Ford daquele ano em Brands Hatch, tiramos fotos juntos, etc. Quando no início de um frio e chuvoso março de 81 o campeonato inglês de Formula Ford teve sua primeira prova no autódromo de Brands Hatch, pertinho de Londres, eu fui assistir. Lá me encontrei com outros brasileiros, entre eles o Wagner Rossi de Brasília, também piloto. Ficamos ali sapeando na área dos boxes (de terra e lama....), quando fui apresentado ao Ayrton, muito tímido. Eu sabia da reputação dele do kart, claro, mas essa seria a sua primeira prova com automóveis. Por influência do Chico Serra, então ingressando na Formula 1 pela equipe Fittipaldi, Senna conseguiu uma vaga na equipe de fábrica da Van Diemen (que havia dado os títulos a Moreno e vitórias a Raul Boesel no ano anterior), mas chegou atrasado para as preparações e seria o terceiro piloto da equipe. O primeiro era um mexicano chamado Alfonso Toledano, já com experiência na Formula Ford inglesa do ano anterior, e o segundo um argentino magrinho, invocado de nome Enrique Mansilla. O carro de 81 de Ayrton não ficou pronto para aquela primeira prova, portanto ele ia competir com um chassi de 80, pintado de amarelo  e preto e preparado às pressas. 
Os treinos de classificação para uma prova de Formula Ford duravam em média 20 minutos, tempo para o piloto "pegar" o jeito da pista e fazer seu tempo. Não me lembro ao certo em que posição o Senna largou, mas lembro que ele chegou em 5º lugar e eu como sempre me posicionei perto da curva ao final da reta Paddock Hill Bend, podia ver sua já evidente habilidade. 
Uma semana depois nos dirigimos (eu na condição de torcedor e futuro concorrente) para o autódromo de Thruxton, e Ayrton ainda com o carro velho já terminou a prova em terceiro lugar. No próximo domingo, Brands Hatch de novo, Ayrton estreando o carro novo + chuva, adivinhem: sumiu na frente de todos e me lembro bem dos resmungos do mexicano e do argentino! Nessa prova o Roberto Moreno veio assistir, ela havia voltado há pouco do Brasil onde estivera em busca de patrocínio para competir na Formula 3- conseguiria uma vaga numa equipe holandesa e ganharia 3 corridas no braço - e me perguntou o que eu achava do Ayrton. Eu disse....o cara é bom, muito bom.
Naquela época havia um grupo de brasileiros que acompanhavam o pequeno "circo" da Formula Ford, da Formula 3, éramos todos camaradas e torcíamos uns pelos outros. Na Formula Ford 2000 havia um piloto excepcional, o paranaense Luiz Renato Schaffer, que depois desistiu da carreira e voltou ao Brasil.
Essa são as primeiras lembranças do Ayrton, depois coloco mais algumas.

terça-feira, 28 de abril de 2009

EFEMÉRIDES III - CHEGUEI, ESTOU AQUI...E AGORA?




Bom, eu prometi que continuaria, agora aguentem! Levantei-me meio confuso, estava no quarto andar do hotelzinho sem elevadores e o cheiro de bacon me atraia para o "basement". Após lavar o rosto, escovar os dentes e etc, me dirigi ao pequeno refeitório do modesto hotelzinho. Comi como um paxá, ou melhor um Lord inglês: english breakfast - torradas, feijão com molho de tomate, sausichas, bacon, ovos mexidos, geleía, queijo, café, suco de laranja, chá.....a fome realmente era transatlântica. Terminado isso deparei-me com uma crua realidade: estava numa cidade estranha, num país estranho, sem conhecer ninguém, sem falar a língua, sem ter uma noção do que fazer a seguir. 
Subi novamente ao quarto e deparei-me com um bilhete que o amigo da Elza havia pedido que eu entregasse a seu amigo que morava em Londres. Era um pequeno envelope branco, com o nome e endereço escritos ás pressas do lado de fora: Mario Antonio de Mello Dias - IMCO - 101-104 Piccadilly, London. Bom, era um começo pensei, vamos ver o que é esse tal de Piccadilly. Peguei um desses mapas para turistas na recepção do hotel e me concentrei em estudar as possíveis rotas para o tal endereço. Escolhi, por pura insegurança a rota mais longa, e mais segura aparentemente, apenas usando as ruas maiores. Eu não tinha noção de horário por causa do fuso e por ter dormido desde as 6 da tarde do dia anterior, mas acho que era menos de 7 da manhã. Apesar de ser finalzinho de abril, havia um ventinho gelado, portanto coloquei meu casaco (brega demais), um gorro na cabeça, luvas e fui caminhando. Park Lane, que maravilha, de um lado o Parque e do outro lindas lojas de autos, sofisticadas como eu jamais havia visto. Os carros passavam velozes, todos novos e bem conservados. Oxford Street com suas incríveis vitrines, gente começando a chegar para os seus trabalhos, aqueles ônibus de dois andares que a gente vê nos filmes e eu caminhando. Piccadilly circus, aquela loucura, a fonte, tráfego, gente apressada, turistas batendo milhares de fotos, os out doors coloridos. Virei e peguei a Piccadilly propriamente dita, mas os números não eram sequenciais, fiquei meio perdido mas continuei a caminhar. Do outro lado um parque lindo (Green Park) e deste lado aqui lojinhas simpáticas e acolhedoras. Eu certamente não conhecia ninguém, não falava a lingua, mas me sentia estranhamente em casa naquela manhã de 24 de abril de 1980.
Cheguei finalmente ao prédio de número 101-104, um prédio enorme com uma escadaria imponente e réplicas de navios numa espécie de vitrine. Subi, entrei e havia um homenzarrão de quase dois metros de altura sentado atrás de uma mesa. Ele me olhou e perguntou em seu inglês cockney : - May I help you young man? Claro que eu não entendi patavinas, portanto estiquei a minha mão com o pequeno envelope e o entreguei a ele. Calmamente Ray (este era o seu nome e depois rimos muito desse primeiro pequeno encontro - anos depois) colocou seus óculos e exclamou- Mário! you want to see Mário! Pegou o telefone, discou um número, murmurou algumas palavras e percebendo que eu não o entendia, me fez sinal para aguardar um pouco, sentado no enorme sofá de couro da recepção.
Em alguns minutos um jovem, simpático e sorridente desceu pelas escadas, assobiando, a imagem de um sujeito simples e feliz da vida e ao sinal de Ray dirigiu-se a mim: - Yes, I'm Mário, may I help you? - ao que eu respondi: - Cara, sou brasileiro, você fala português? Ele sorriu e em bom carioquês me retrucoou: - Brasileiro? grande merda....eu também sou, dando uma sonora gargalhada. Entreguei-lhe o bilhete, ele o abriu e leu rapidamente e dirigindo-se a mim disse: Então tu é brasileiro e tá chegando aqui hoje, hein? O Carlinhos disse que tu é um cara legal, para eu te dar uma força. Até aquele momento eu não sabia o nome do remetente do bilhete, e expliquei rapidamente ao Mário a situação, que eu não o conhecia, mas que a moça havia me ajudado etc. Este me falou, escuta, eu estou ocupado agora, dá para você voltar ao meio dia e almoçamos juntos? Eu respondi que claro que sim, aliás nem sabia que horas eram, tinha caminhado um bocado. Despedi-me e continuei a caminhar até a esquina, onde deparei-me com uma enorme banca de revistas (minha paixão desde sempre). Fiquei extasiado com tamanha variedade e comprei uma "Autosport" com o Nelson Piquet e sua Brabham na capa, acho que tenho esse exemplar até hoje. Dirigi-me ao parque, sentei-me num banco e com a ajuda de meu pequeno dicionário Michaelis, tentei decifrar a revista. Naquele momento, frustrado por não entender nada, prometi a mim mesmo que viria a dominar aquela língua tão diferente e tão importante.
Ao meio dia em ponto, estava na recepção da IMCO, esperando por Mário. Fomos caminhar em May Fair, logo atrás e ele contou-me sua história: morava há sete anos em Londres, era músico tendo inclusive tocado com gente importante como Rita Lee e foi para a Inglaterra com um contrato com a EMI, e os demais integrantes de seu grupo acabaram desistindo deixando-o sozinho em Londres. Isso ele tinha apenas 19 anos, mas como falava inglês, resolveu ir ficando e acabou arrumando aquele emprego, num órgão da ONU. Era casado com Angela, uma bailarina do Royal Ballet, tinha três gatos (arghhh) e gostava de automobilismo tendo sido amigo do Julio Cesar Pinheiro, piloto brasileiro que havia corrido alguns anos antes na Ilha. Nos demos super bem e ele prometeu me ajudar. Voltei (a pé ) para o hotel bastante confiante e feliz, pois havia feito o primeiro amigo naquela terra que prometia muito. O futuro iria provar que aquele seria um dos maiores amigos que fiz em toda a minha vida!

CURTAS


Recebi hoje o "AUTOMOTOR SPORT" do Reginaldo Leme que ganhei como prêmio pelo concurso promovido pelo blog "Voando Baixo" do Rafael Lopes. Muito bonito gráficamente, muito completo em termos de resultados, excelentes textos, um presentão! Parabéns á equipe do anuário, vou degustá-lo com carinho e com atenção.
Vi em algum lugar que o Nelsão está pedindo mais paciência da Renault em relação ao Nelsinho. Sei lá se essas notícias procedem, mas "mais paciência?" , isso não parece a cara do Nelson não. Minha opinião é conhecida, Formula 1 é para feras, o cara pode até demorar algumas corridas para pegar o jeito, depois é mostrar o que sabe, porque a época de aprender foi nas formulas menores, ali é para mostrar serviço. Aliás, eu to preparando um pequeno post sobre a evolução dos pilotos de Formula 1, desde as categorias de base, suas estréias na Formula 1, os que deslancharam, os que já vieram fincando suas bandeiras, e aqueles que decepcionaram. Tenho pesquisado nas horas vagas e visto algumas coisas bastante interessantes sob essa ótica.
A gripe suína também está preocupando a todos, em qualquer país do mundo, e a Espanha, que vai sediar a próxima etapa do Campeonato Mundial de Formula 1 já demonstra sinais de preocupação, pois o contágio é bem rápido. Por enquanto não se fala em cancelamento da prova, mas é bom ficarmos atentos a isso.
Maio chegando e as equipes da Formula Indy se preparam para a grande prova do ano, as 500 milhas de Indianapolis. A todo instante novas inscrições são anunciadas, e isso sempre faz parte do show. Mesmo com a crise econômica a prova segue firme e forte.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

DROPS DO FINAL DE SEMANA, OU NOTÍCIAS CURTINHAS COM COMENTÁRIOS SUBJETIVOS DEMAIS.




Segunda feira hiper corrida no escritório, o blog meio abandonado, um monte de coisas que tenho vontade de dar minhas pitacadas, vamos lá: Rally da Argentina, adivinhem quem ganhou??? não, não vou oferecer uma barrinha de cereais de vinte centavos, porque eu ficaria pobre, pois além de ter milhares de leitores aqui no blog, a barbada é certeira: Sebastien Loeb. O cara é incrível e eu lamento muito não termos uma cobertura decente dos eventos do mundial de rally aqui no Brasil, pois é esporte de mais alto nível, a qualidade técnica dos competidores é incrível e suas proezas idem. Agora, esse rapaz está sobrando faz tempo, inclusive ele andou testando um Formula 1 da Red Bull e estabeleceu tempos bastante competitivos. 52 vitórias não é para qualquer um!
Corrida de Formula Indy no Kansas, confesso que não assisti a corrida, mas parabéns ao Helio Castro Neves pelo excelente segundo lugar na classificação final. O líder do campeonato é o baiano Tony Kanaan que vem privilegiando a regularidade e sua estratégia está funcionando bem. O vencedor da prova de ontem foi Scott Dixon da Nova Zelândia.
Tivemos o encerramento do campeonato asiático da GP2, com duas vitórias brasileiras: no sábado Diego Nunes da Piquet Sports venceu a prova principal e no domingo, o baiano Luiz Razia obteve sua primeira vitória na categoria. Os pilotos agora se preparam para o campeonato de verdade que começa em menos de duas semanas na Espanha. Desta categoria devem sair alguns futuros pilotos de Formula 1 a exemplo de Nico Rosberg, Heikki Kovalainen, Lewis Hamilton, Timo Glock, Nelsinho Piquet e Sebastian Buemi. Apesar que ao analisarmos a idade média da atual safra de pilotos de grande premio, a renovação deva demorar um bocado...
Tivemos o anúncio da doença que a ministra e virtual candidata à presidência da República pelo PT, Dilma Roussef está enfrentando, e apesar de não gostar da figura da ministra e ter medo de que ela venha a ser nossa presidenta (por vários motivos, o principal dos quais é a prepotência que ela demonstra e a falta de capacidade gerencial, porque o PAC sinceramente, é um engôdo dos maiores), torço para que ela se reestabeleça completamente.
Não gosto de comentar sobre futebol aqui nesse espaço, pois sou apenas um curioso e tem muita gente mais capacitada que eu para isso, mas apesar de palmeirense, devo admitir: o gol do Ronaldo no papudo (e frangueiro) do Fábio Costa foi uma pintura!
Agora um assunto que corre os blogs dos amantes de automobilismo é o coitado do Rubinho: o cara não dá uma dentro, apesar de eu reputá-lo como ótimo piloto, o Button está em melhor fase (no ano passado foi o inverso e Rubinho deu um banho no inglês), e o showzinho de indignção que ele fez para as câmeras quando estava atras do Nelsinho Piquet foi muito criticado. Fazer o que....o brasileiro pega no pé mesmo e o Rubinho parece ajudar aos seus detratores. Com certeza ele não deve estar muito preocupado com isso, porque de uma maneira ou de outra é o vice-líder do mundial e está prestes a ser o segundo brasileiro a ir ao espaço. Literalmente!

domingo, 26 de abril de 2009

GP DO BAHREIN: BUTTON VENCE A TERCEIRA DO ANO




A corrida em si não foi das mais emocionantes e para os brasileiros em particular bastante frustrante: além do péssimo desempenho da Ferrari e de Felipe Massa (atingido na largada por s eu companheiro Raikkonen, teve uma asa dianteira danificada, parou cedo e nunca mais  esteve na disputa), de uma prestação apenas regular de Nelsinho Piquet (corrida decente, mas nada empolgante e fora dos pontos) e do equívoco de estratégia da Brawn GP na corrida de Barrichello (anteciparam uma parada nos boxes fazendo-o perder tempo), temos que nos conformar: todos os três foram devidamente batidos por seus companheiros de equipe.
Mas a maior tragédia para a torcida brasileira talvez seja a péssima qualidade da narração de Galvâo Bueno da TV Globo, com erros constantes, informações equivocadas, interrompendo seus comentaristas sem cerimônia e o mínimo senso de educação, hoje ele conseguiu uma proeza: superar sua mediocridade já famosa! Uma pessoa inteligente pensando em voz alta pode ser embaraçosa, uma pessoa muito aquém de inteligente pensando em voz alta pode ser francamente uma desgraça, e foi o que se viu e ouviu durante a transmissão da corrida de hoje.
Quanto à corrida em si, as Toyotas não mantiveram a forma da classificação, e apesar de Timo Glock ter pulado na ponta no início, e Jarno Trulli ter feito excelente prova, classificando-se em terceiro no final, eles ainda não têm um carro realmente capaz de dominar uma corrida por inteiro. A Brawn GP, após o susto da classificação, teve uma estratégia limpa com Jenson Button, que está pilotando bem e com a cabeça focada no seu trabalho. Rubens, poderia ter sido um dos protagonistas da prova, mas infelizmente, acredito que seu nível mental esteja um ponto abaixo do de seu companheiro de equipe, pois apesar de ter pilotado bem, no cômputo geral conseguiu apenas uma quinta posição, com um equipamento claramente capaz de lhe dar algo bem melhor no final.
Vettel quietinho, quietinho, vai somando pontos no campeonato e se firma para as disputas na Europa como um dos favoritos, pois o Red Bull parece ser um conjunto muito bem acertado. Seu companheiro de equipe Mark Webber, realmente não se encontrou no Bahrein, após o excelente segundo posto na corrida da China. A Mclaren lentamente vai fazendo o seu dever de casa e coloca o excelente Hamilton nos pontos, o que não se pode dizer de seu medíocre companheiro, Kovalainen, que apenas se arrastou pelo fim do pelotão. Raikkonen fez uma boa corrida tirando da Ferrari tudo o que esta podia lhe dar, além de tirar a outra Ferrari (de Massa) da disputa. Alonso com um carro nítidamente inferior foi o piloto combativo de sempre e beliscou um pontinho com a oitava colocação. Destaque negativo para as BMW Sauber que fizeram seus dois (bons) pilotos serem meros coadjuvantes durante a corrida, situação embaraçosa para a orgulhosa equipe suiça.
Quanto ao meu bolão, continuo praticamente invicto: nenhum acerto!

sábado, 25 de abril de 2009

BOLÃO MUITO PARTICULAR: CONTINUO PRATICAMENTE INVICTO!









Eu havia dito que não era bom de previsões, mas para não perder o hábito aí vai:

1- Vettel
2- Barrichello
3- Alonso
4-Massa
5-Trulli
6-Kubica
7-Alonso
8-Piquet
Veremos, patriotadas à parte...

GP DO BAHRAIN: TOYOTA NA FRENTE



Esse campeonato está realmente sendo o mais surpreendente dos últimos anos. Não que a boa forma da equipe Toyota (que testou exaustivamente na pista Bahrenita na pré-temporada) seja uma surpresa total, mas para quem estava acostumado à supremacia de uma ou duas equipes (nos últimos anos a Ferrari e a McLaren) a terceira equipe estabelecer a pole-position em apenas 4 provas, não deixa de ser um bom auspício.

Jarno Trulli, que luta bastante para ser o líder da equipe e estar a frente de seu companheiro, um rejuvenecido Timo Glock, estabeleceu nos últimos minutos a pole position para a prova de amanhã, sendo acompanhado na primeira fila do grid pelo seu companheiro germânico. Em terceiro lugar no grid a atual sensação da Formula 1, o menino Vettel e sua Red Bull Renault. O companheiro deste, Mark Webber roubou o lugar de Nelsinho no final do grid, tendo tido problemas com tráfego em sua volta rápida com Adrian Sutil da Force India e ficou com apenas a 18ª posição de largada, muito pouco para quem poderia almejar um lugar no pódio e cujo companheiro de equipe vai largar no terceiro posto.

Jenson Button, líder do campeonato vai largar em quarto, Barrichello em sexto e entre eles, um Hamilton que parece ir recuperando a boa forma da equipe Mclaren. Fernando Alonso mais uma vez andou mais que seu carro, classificando-se em sétimo lugar á frente de Felipe Massa, que tem seu companheiro Kimi Raikkonen em décimo, com Nico Rosberg de sanduíche. De notável a má forma da BMW Sauber, e a já costumeira tortura que deve estar vivendo Nelsinho Piquet, arrastando-se, rodando, antecipando o desenlace de sua situação.

Grid de Largada:
1- Jarno Trulli - Toyota- Itália - 1.33.431
2- Timo Glock- Toyota- Alemanha - 1.33.712
3- Sebastian Vettel - RBR - Alemanha - 1.34.015
4- Jenson Button - Brawn - Inglaterra - 1.34.044
5- Lewis Hamilton - Mclaren - Inglaterra - 1.34.196
6-Rubens Barrichello - Brawn - Brasil - 1.34.239
7-Fernando Alonso - Renault - Espanha- 1;34.578
8-Felipe Massa- Ferrari - Brasil -1.34.818
9-Nico Rosberg - Willians- Alemanha - 1.35.134
10-Kimi Raikkonen-Ferrari - Finlandia- 1.35.380
11-Heikki Kovalainen - Mclaren - Finlandia - 1.33.242
12- Kazuki Nakajima- Willians - Japão - 1.33.348
13-Robert Kubica - BMW Sauber - Polônia- 1.33.487
14-Nick Heidefeld- BMW Sauber- Alemanha.- 1.33.562
15- Nelson Piquet - Renault - Brasil- 1.33.941
16-Sebastian Buemi - STR- Suiça - 1.33.753
17-Giancarlo Fischichella- Force India - Itália- 1.33.910
18-Mark Webber- RBR- Austrália- 1.34.038
19-Adrian Sutil- Force India - Alemanha - 1.33.722 (punido)
20-Sebastian Bourdais - STR- França- 1.34.159

sexta-feira, 24 de abril de 2009

EFEMÈRIDES II: A CHEGADA A LONDRES = 24 DE ABRIL DE 1980


A viagem em si foi meio traumática pois, ao entrar no enorme avião, meio vazio, me dei conta da loucura que estava prestes a cometer. Jamais havia saído do interior, tinha roupa lavada e passada, comidinha da mamãe, meus amigos, minha rotina e muitos sonhos. Esses danados, foram os responsáveis pela minha decisão de torná-los realidade, mas naquele momento, há exatos 29 anos atrás, um friozinho me passou pela espinha e pela barriga e pelo corpo todo, para ser sincero. Fiquei observando uma simpática senhora sentada na mesma fileira que eu, distante alguns assentos. Eu havia mandado confeccionar dois macacões de corrida, bem amadores na realidade, e conseguido um capacete de motos como ajuda/patrocínio. O vôo em si foi bem normal, fizemos escala em Lisboa e em Madrid, se bem me lembro, e eu nem desci do avião, com tanto medo de me perder naqueles labirintos de aeroportos....
A moça, Elza, havia me orientado direitinho de como proceder na imigração, não dizer que eu ia tentar a sorte em automobilismo e se perguntassem se eu tinha dinheiro, dizer que sim. Ao nos aproximarmos do aeroporto de Gatwick, o dia estava nublado como sempre na Inglaterra, furamos a camada de nuvens e pude avistar aquele verde todo, aquelas casinhas lindas e simétricas lá embaixo, as fumaças das chaminés, foi uma sensação incrível que jamais vou me esquecer, pois como num passe de mágica toda os meus receios se foram e me deu uma sensação gostosa de felicidade, de estar chegando finalmente em casa! Passados quase trinta anos, ainda me admiro daquela sensação, pois estava aflito e ansioso, inseguro, e de repente, tudo desapareceu e deu lugar a uma confiança enorme.
Pousamos, peguei o trem como ela orientou para a Victoria Station em Londres, mas antes, na Imigração passei por uns apertos. O senhor que me entrevistou tentava em vão se comunicar comigo, e eu não falava uma única palavra em inglês, fazia sinal de sim com a cabeça. Ele foi ficando meio bravo e acho que estava disposto a me devolver para o meu mundinho anterior, quando pediu para que eu abrisse as malas. Me lembro que ele perguntou de dinheiro e eu, com apenas aquelas 265 libras no bolso disse que yes, I have money! Ao abrir a mala, a primeira coisa que eu tiro é o capacete, verde, e logo depois o macacão. O cara olhou, viu meu sobrenome Fittipaldi no passaporte e disse com um gesto que eu podia recolocar as coisas na mala. Acho que pensou que eu já era piloto ou coisa parecida e carimbou o prazo de seis meses na folha correspondente. Achei muito pouco, pensei até em reclamar, mal sabendo que era o máximo que eles permitiam aos turistas permanecerem na Ilha, mas com meu precário poder de oratória, desisti: ainda bem!
Peguei um taxi, e dei o cartãozinho amassado que a moça havia me emprestado, com o nome do hotelzinho para estudantes em Paddington. Achei o máximo aqueles carros todos, aquelas motos incríveis passando por nós, naquele época as importações eram proibidas no Brasil, e me lembro de ter visto uma revenda de motos BMW na Park Lane, virando o pescoço para trás.
Chegamos ao hotelzinho, um de muitos na Sussex Gardens e eu dei uma nota de dez libras para o motorista que me deu o troco. Conferi, pois não conhecia o dinheiro inglês e pegando as duas pesadas malas me dirigi á recepção do hotel. Vi numa placa o seguinte : Single room: $ 7 per night. Claro que o sinal era de libra esterlina, que não acho aqui em meu teclado, mas dá para entender. O rapaz que me atendeu me estendeu um livro para preencher a ficha e eu bati no peito e disse em bom inglês: me want 5 nite! com a mão aberta a reforçar a quantia de noites, já tirando umas notas do bolso, já que o pagamento era adiantado.
Subi quatro andares pela escada, já que não dispunhámos de elevador e ao chegar no pequeno e acanhado quartinho, olhei-me no espelho e tive uma certeza: era um doido varrido mesmo. Dormi quase imediatamente, coisa que não fizera durante o longo voô, e ao acordar cedinho no dia seguinte, meio perdido, senti o cheiro de bacon no ar.......

Continuo depois.

RALLYE DA ARGENTINA: PRIMEIROS MOVIMENTOS













A quinta etapa do Campeonato Mundial de Rallies está se desenvolvendo no país vizinho no momento, e todos os grandes nomes do esporte estão disputando etapa a etapa a supremacia. O grande nome do rally mundial das últimas cinco temporadas o francês Sebastian Loeb, compete pela equipe Total Citroen com um C4, e é o homem a ser batido. No início a prova está sendo liderado pelo finlanês Mikko Hirvonnen com Ford, mas sob intensa pressão do campeão Loeb.
A classificação provisória do rally é a seguinte:
Pos  Driver              Car      Time  1.  Mikko Hirvonen      Ford     54m17.2s  2.  Sebastien Loeb      Citroen  +   0.6s  3.  Dani Sordo          Citroen  +   5.0s  4.  Petter Solberg      Citroen  +   7.0s  5.  Jari-Matti Latvala  Ford     +   9.1s  6.  Henning Solberg     Ford     +  24.3s  7.  Matthew Wilson      Ford     +1m00.9s  8.  Federico Villagra   Ford     +1m31.3s  9.  Conrad Rautenbach   Citroen  +2m01.3s 10.  Sebastien Ogier     Citroen  +2m06.8s 

BOAS NOTÍCIAS: FORMULA 1 HISTÓRICA TERÁ ETAPA NO BRASIL.




Chamem-me de saudosista, eu não ligo, hoje vi no UOL uma notícia que me deixou bastante animado: o Brasil vai sediar uma etapa do Campeonato da F-1 Histórica, atualmente disputado na Europa e que conta com vários carros que fizeram história nas décadas de 60, 70, 80 e 90 do século passado nas mãos de pilotos consagrados, como Emerson Fittipaldi, Jackie Stewart, Ayrton Senna e muitos outros. O evento faz parte da programação oficial da FIA e segundo Oliver Mc Crudden, diretor geral da HFO, uma das etapas contará com a transmissão da Rede Globo. Interlagos receberá duas provas, nos dias 15 e 16 de agosto deste ano, e os fãs terão a oportunidade de ver na pista (se bem que em ritmo bem mais modesto que na época que representavam o ápice do automobilismo) os carros mitológicos que povoam nossas imaginações. Mc Crudden em entrevista á UOL ainda ressaltou que tem esperanças que Emerson Fittipaldi apareça no autódromo para prestigiar o evento, e disse que os fãs poderão se aproximar dos carros e mesmo tirar fotos, pois todos os pilotos, por serem amadores e apaixonados, são bastante acessíveis. Espero estar lá também!

PRIMEIROS RUGIDOS DA MADRUGADA.

Confesso que vencido pelo cansaço, não consegui esperar acordado para assistir aos primeiros treinos livres para o GP de Bahrein esta madrugada. Na primeira sessão deu Hamilton e sua McLaren, e na segunda, como já está se tornando uma tradição o "leãozinho Rosberguinho" com sua Willians. Alonso conseguiu "espetar" sua Renault na segunda colocação, seguido pela Toyota de Trulli, de Hamilton e das duas RBRs, embaladas após a dobradinha na China. A Ferrari continua a dever, e Nelsinho, bem Nelsinho teria ficado fora do Q 2 novamente se o treino fosse oficial, fechando na sua co
stumeira 17ª posição. Ainda acho prematuro fazer muitas previsões sobre a corrida, e esse campeonato está muito interessante para perdermos um lance sequer. Button e Barrichello com as Brawns ficaram bem atrás, situação que eu duvido se repita quando a disputa pelo grid for pa
ra valer.
Que venham os treinos de verdade então!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

EFEMÉRIDES : O DIA DE HOJE.


Sei que para alguns as datas são de extrema importância. Eu não sou fanático por elas, mas me lembro das mais significativas, os aniversários da família, e de algumas outras. Para mim, o dia de hoje, 23 de abril, é muito importante, pois foi justamente nesse dia, há exatos e longos 29 anos que eu embarquei rumo ao meu sonho para a Inglaterra.
Um garoto simples, tímido, do interior, com 20 anos recém-completos, embarcando numa aventura rumo ao desconhecido.Tudo começou muitos anos antes quando passei a acompanhar o automobilismo, primeiro pelas revistas de meu pai, depois pela TV com a ascenção do Emerson Fittipaldi e sua incrível Lotus Ford negra e dourada. Fui formulando um sonho doido dentro de minha cabeça de adolescente e num determinado momento, achei que tinha chegado a hora. Lendo relatos nas revistas AutoEsporte, de vários pilotos brasileiros menos abonados que conseguiam se manter na Ilha trabalhando em empregos laborais, me animei e, ao conhecer um professor de cursinho que tinha morado por lá, animado por este, resolvi tentar a sorte.
Ingenuidade e ignorância aliados, não são uma boa fórmula para o sucesso, a menos que estejam acompanhados de uma dose maciça de sorte, e essa eu tive!
Embarquei no Aeroporto de Viracopos, passagem só de ida comprada em 10 vezes no Bradesco, avião da British Caledonian (DC10), uma mala cheia de roupas que nunca cheguei a usar, 265 libras esterlinas no bolso, um pequeno dicionário Michaelis, daqueles verdinhos, nenhuma palavra inglesa no vocabulário, e muita vontade. Eu não tinha a mais remota idéia do que encontraria por lá, a menos que as leituras da Agatha Christie não estivessem tão defasadas, ou mesmo que Baker Street ainda fosse o lar do Sherlock Holmes. Sempre gostei de ler, então alguns autores britânicos habitaram os anos de minha juventude, me fazendo gostar ainda mais da Inglaterra e das coisas inglesas. O bem mais precioso que eu levava em minha bagagem no entanto, cabia no bolso: uma carta do Emerson Fittipaldi me recomendando ao Jim Russell - que tenho guardada até hoje!
No embarque, conheci uma moça que trabalhava na companhia aérea, Elza, que penalizada com minha ignorância e inocência, arrumou o endereço de um amigo de um amigo brasileiro, além de me dar o cartão de um hotelzinho para estudantes e mil recomendações.
Bom, os detalhes eu conto num próximo relato, talvez amanhã. Hoje eu só queria deixar registrado a data e postar uma ou duas fotos de minha passagem por aquela terra encantada.